Cesária Évora foi uma de suas mais conhecidas intérpretes
A morna, tradição musical e de dança de Cabo Verde, foi aprovada pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade.
O parecer da UNESCO foi comunicado pelo Ministro da Cultura de Cabo Verde Abraão Vicente no dia 7 de Novembro:
Caros cabo-verdianos, tenho a sorte, a honra e o privilégio de vos comunicar que hoje o comité técnico dos peritos da UNESCO aprovou o dossier da morna a Património da Humanidade…A nação já pode celebrar: a morna já é Património da Humanidade.
Cesária Évora (1941-2011) foi uma das mais conhecidas intérpretes do género e por isso foi apelidada de de “rainha da morna.”
A página oficial da candidatura à UNESCO diz:
A Morna é um genéro performativo de Cabo Verde que reúne a voz, a música, a poesia e a dança. É uma expressão musical cuja prática não faz distinção de género. Usualmente cantada por uma só pessoa é acompanhada por instrumentos acústicos destacando-se o violão. Surgiu no século XIX, evoluindo do cruzamento de estilos musicais com fortes raízes africanas, o landum, com melodias oriundas da Europa.
Trata-se de uma canção melódica, quaternário, geralmente usando esquemas tonais menores clássicos. Nessa canção apela-se ao sentimento, versando temas vinculados ao amor, saudade, sofrimento, desprezo. Geralmente pode-se escutar a morna em ambientes informais onde decorrem as famosas tocatinas, contudo, é nas famosas «noites caboverdianas» que se pode escutar este género musical.
O Instituto do Património Cultural de Cabo Verde declarou em sua página do Facebook:
A aprovação da Morna, segundo a Comissão da UNESCO, vai aumentar a consciencialização das pessoas sobre a importância da cultura cabo-verdiana e, especialmente, do crioulo cabo-verdiano, aumentando a auto-estima e o orgulho da população das ilhas, em torno das suas diferentes expressões culturais.
A coesão social será também reforçada, conduzindo ao desenvolvimento de novas formas de colaboração entre os grupos musicais, investigadores e instituições públicas e privadas.
A aprovação criará também novas oportunidades para a troca de conhecimentos entre gerações e as pessoas das diferentes regiões do arquipélago e da comunidade imigrante e demonstrar, ainda, a diversidade cultural da música e da cultura do atlântico.
A decisão deverá ser formalmente adoptada pela UNESCO em Dezembro, em cerimónia na Colômbia.
Em reacção ao anúncio, vários foram os comentários de celebração.
Jaqui Marques da Silva, residente na capital Praia, disse:
Dia deveras memorável e histórico para a cultura cabo-verdiana. Motivo para estarmos todos muito orgulhosos. Ainda que a obra seja de todos nós, porque a morna é expressão maior da alma cabo-verdiana, felicito-o Abraão Vicente Stephanie Duarte Vicente e a toda a equipa que, de forma empenhada, trabalhou para que o sonho pudesse ser realidade. Aos nossos músicos, todos sem excepção, as minhas felicitações.
A MORNA, ANTES DO RECONHECIMENTO DA UNESCO,
JÁ ERA, PARA NÓS, PATRIMÓNIO DA HUMANIDADEA Cidade Velha foi declarada, em 2009, Património da Humanidade, em grande medida, porque Cabo Verde foi o berço da morna, do crioulo e da nossa crioulidade. É por isso que a decisão da Comissão Técnica do Património Mundial em recomendar a inscrição da MORNA na Lista de Património da Humanidade é apenas um reconhecimento de algo que já é, que já era.
Não deixa de ser muito importante essa recomendação, porém o mais importante é o reconhecimento que quem criou a Morna tem desse ato de criação.
Tudo isto para dizer que há muito que celebrei a Morna como Património da Humanidade. Que todos celebrem, com orgulho e patriotismo, esse filho querido e amado da nossa crioulidade.
Para Jorge Martins é a maior elevação da cultura Cabo-verdiana em ascensão:
Que grande notícia! Cabo Verde deu mais um passo importantíssimo na afirmação da sua identidade.
A nossa cultura foi merecidamente premiada e os nossos artistas que sempre lutaram para a preservação, promoção e divulgação desta nossa rica tradição, estão todos de parabéns!
Viva a morna!
Viva as nossas ricas tradições!