Pesquisa do Dieese com funções equivalentes mostra diferença de quase 43%, mesmo com a trabalhadora tendo mais escolaridade
por Viviane Claudino, da RBA
São Paulo – Pesquisa divulgada hoje (25) pelo Dieese ratifica o dado de que as mulheres seguem ganhando menos, ainda que ocupem funções equivalentes às dos homens. “Mesmo em um contexto de melhora geral do mercado de trabalho, a remuneração continua a ser menor”, diz o instituto. Na média, o rendimento das trabalhadores é 29% menor em São Paulo, 28% em Porto Alegre, 26% em Belo Horizonte, 25% em Fortaleza, 18% em Recife e 16% em Salvador.
Os dados referem-se ao período 2011-2013 e são das seis regiões metropolitanas incluídas na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), desenvolvida pelo Dieese em parceria com a Fundação Seade, de São Paulo, e instituições regionais, com apoio do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
A pesquisa considerou funções em ocupações consideradas homogêneas. Assim, mesmo quando comparados segmentos produtivos similares, os salários das mulheres – que também tinham mais anos de estudos – eram menores. Segundo o Dieese, as informações sobre os salários foram consideradas por hora, para evitar discrepâncias entre as jornadas.
Entre os grupos ocupacionais, em Fortaleza o o salário das mulheres gerentes comerciais é 42,8% menor do que o dos homens que desenvolvem a mesma função: R$ 4,20 por hora trabalhada para elas e R$ 7,34 para eles. Na mesma região metropolitana, a diferença de salários das profissionais de educação, do ensino médio, chega a ser 34,5% em relação aos trabalhadores do sexo masculino.
Na região metropolitana de Belo Horizonte, mulheres representantes comerciais e corretoras ganham em média R$ 9,83, e os homens R$ 15,27, diferença de 35,6%. Em Salvador, mulheres que ocupam o cargo de assistentes administrativos, auxiliares de contabilidade ou secretárias recebem em média R$ 6,94 por hora, enquanto os homens ganham R$ 10,54 (diferença de 34,2%). Em São Paulo, mulheres vendedoras chegam a receber 31,6% a menos.
Em todos os casos citados, o nível de escolaridade das mulheres é maior.
“É necessário que haja um conjunto de indicadores que demonstrem à sociedade essa discriminação, porque as mulheres compõem metade da classe trabalhadora do país”, afirmou a coordenadora da PED, a economista Lúcia Garcia, do Dieese.
“A pesquisa também nos dá suporte para lutar por melhorias para as mulheres em convenções coletivas de trabalho”, observou a vice-presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos de Minas Gerais (FEM-CUT), Alexandra do Amaral.
“A diferença salarial é uma das pontas de um iceberg muito maior de violência e situações de opressão que as mulheres sofrem historicamente”, acrescentou a representante do movimento Mulheres em Luta, da CSP-Conlutas, Letícia Pinho.