Maioria reside na zona leste da capital paulista

Por Daniel Mello

A zona leste é a parte da cidade de São Paulo que concentra o maior número de refugiados, segundo mapeamento feito pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) em parceria com a Caritas Arquidiocesana. O estudo é baseado em informações fornecidas por 5,6 mil pessoas de um total de 6,6 mil atendidas, ao longo de 2018, pela organização vinculada à Igreja Católica que trabalha com pessoas forçadas a deixar seus países de origem.

Entre todas as pessoas refugiadas ou que solicitaram o reconhecimento desse status ao governo brasileiro atendidas pela Caritas na capital paulista, 5,1 mil viviam efetivamente na cidade de São Paulo e 549 em municípios da região metropolitana. Dessas, 55%, ou seja, 2,8 mil residem na zona leste paulistana. O centro tem a segunda maior concentração, com 1,3 mil refugiados, 26% do total.

Quando são analisados os distritos da cidade que têm mais pessoas em situação de refúgio, a Sé, no centro, lidera, 521 pessoas, seguida pelos também centrais Pari (409) e República (466). Apresentam ainda concentrações importantes os distritos da zona leste de São Mateus (247), Itaquera (237), Brás (233), Belém (176) e Mooca (169).

Nacionalidades

O levantamento também contabilizou a origem dos refugiados e solicitantes. Ao todo, pessoas de 84 nacionalidades foram atendidas no ano passado pela Caritas, entre pessoas que chegaram recentemente ao Brasil e aquelas que já estão há mais tempo no país. Os angolanos formam o maior grupo, representando 20% dos atendidos, seguidos por venezuelanos (19,8%), congoleses (13,6%), sírios (10,7%) e  nigerianos (4,1%).

Dentre as pessoas que procuraram a Caritas em 2018, chegaram naquele mesmo ano 25% do total, ou 1,4 mil pessoas. A maior parte dos refugiados, 4,2 mil (75%), entrou no Brasil entre 1999 e 2017. Entre os recém-chegados, os venezuelanos são a maioria, com 773 pessoas (53,9%). Os angolanos representam 6,5% do total e os sírios, 4%. Também houve presença relevante dos originários de Burkina Faso, com 35 pessoas (2,4%).

Segundo a assitente de Proteção da Acnur, Sílvia Sander, a chegada de pessoas de Burkina Faso em busca de refúgio mostra reflexos da atual situação do país africano. “Nos últimos anos há uma escalada de pressão de grupos islâmicos no norte de Burkina Faso”, enfatizou. Sillvia. Ela disse que, nos anos anteriores,tinham sido atendidas apenas 10 pessoas vindas daquele país. “Você percebe que tem mais gente saindo de Burkina Faso e chegando aqui no Brasil”, ressaltou.

A identificação dos locais de concentração e dos perfis dos refugiados também facilita, segundo Sílvia, atuação e a articulação com o Poder Público e organizações da sociedade civil. “A gente consegue a começar a entender nessas regiões em que essas populações estão concentradas quais são os equipamentos que existem, falando de políticas públicas, quais são as estruturas comunitárias de fé religiosa ou espaços culturais, para a partir daí direcionar melhor as nossas ações”, destacou.

Perfis

Também foram coletadas informações sobre gênero e idade dos refugiados. Entre todas as pessoas atendidas pela Caritas no ano passado, 64% eram homens e 34% mulheres. Pouco mais de 2 mil, 36,4% do total tinham idades entre 18 e 35 anos. As crianças com até 12 anos representaram 16,5% dos refugiados e solicitantes, totalizando 933.

Os perfis, no entanto, variam em relação as diferentes nacionalidades. Entre os venezuelanos, 62% eram homens e 50,6% tinham entre 18 e 35 anos. Dos que chegaram a São Paulo em 2018, a maior parte 57%, ou 441 pessoas, veio pelo Programa Federal de Interiorização, uma vez que a principal porta de entrada para esses estrangeiros tem sido o estado de Roraima.

A quantidade de homens e mulheres é mais equilibrada entre as pessoas que chegam de Angola, com percentuais de 49% e 51%, respectivamente. As crianças até 12 anos são 24,7% dessa comunidade.

Entre os sírios, 66% dos atendidos são homens e, entre os que vieram de Burkina Faso, o percentual chega a 89%.

 

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