Governo de Mauricio Macri também iniciou processo para postergar dívidas de curto prazo com pessoas jurídicas, como bancos e seguradoras.
Após mais um dia instabilidade econômica, o governo da Argentina anunciou nesta quarta-feira (28/08) que pediu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) a revisão dos prazos de vencimento de um empréstimo de 56 bilhões de dólares, que deveria começar a ser pago em 2021.
O governo ainda anunciou que pretende estender suas dívidas de curto prazo com pessoas jurídicas, como bancos e seguradoras, que detêm 10% desses papeis. Pessoas físicas, que detêm 90% da dívida de curto prazo, não serão afetadas.
“A prioridade hoje é garantir estabilidade porque é inútil lançar medidas de reativação se não houver estabilidade”, disse o ministro da Fazenda, Hernan Lacunza, que assumiu o cargo na semana passada.
Pela proposta do governo argentino, as dívidas de curto prazo com pessoas físicas serão pagas integralmente. Já as dívidas de curto prazo com pessoas jurídicas serão pagas com a seguinte fórmula: 15% no vencimento, 25% após três meses do vencimento, e 60% após 6 meses do prazo original.
Por fim, as dívidas de longo prazo no exterior, como o empréstimo cedido pelo FMI, serão reperfiladas, com um pedido de ampliação de prazo. Neste caso, a adesão dos credores é voluntária, segundo o governo argentino.
O ministro Lacunza ainda estimou que as negociações com FMI possam começar ainda sob o mandato do presidente Mauricio Macri, mas terminarão “inexoravelmente” no mandato do próximo governo, que vai começar em 10 de dezembro. O ministro das Finanças disse, no entanto, que a abertura do diálogo não altera o cumprimento das metas atuais já fechadas com o Fundo.
A Argentina vem passando por uma forte turbulência financeira, com depreciação superior a 20% do valor do peso e aumento do risco-país. O quadro se agravou após o presidente Mauricio Macri sofrer uma derrota nas primárias de 11 de agosto para o candidato kirchnerista Alberto Fernández.
Nesta quarta-feira, a cotação do dólar superou os 60 pesos, apesar de o Banco Central argentino colocar à venda mais de 350 milhões de dólares. Já o risco-país disparou mais de 2.100 pontos.