Brasília – Os reforços de capacetes azuis, como são chamados os soldados das missões de paz das Nações Unidas (ONU), chegarão ao Sudão do Sul neste sábado (28). De acordo com a representante da ONU, Hilde Johnson, o país precisa de US$ 166 milhões (R$ 390 milhões) para responder a necessidades humanitárias como higiene, condições básicas de saúde, alimentos e gestão do campo de refugiados.
“Estamos precisando desesperadamente de aumentar a capacidade e a força para que possamos implementar o mandado [da missão da ONU no país] de forma mais proativa”, informou Hilde.
Na terça-feira, o Conselho de Segurança da ONU aprovou resolução que prevê o envio de reforço de tropas para proteger os civis do país. O contingente militar no país aumentará de cerca de 7 mil para 12,5 mil homens.
Segundo Hilde, mais 50 mil civis buscaram ajuda nas bases da ONU, o que reforça a necessidade de rapidez para que as tropas adicionais e helicópteros cheguem ao país. A representante das Nações Unidas disse que os capacetes azuis estão instruídos a usar a força, caso civis estejam em perigo iminente. A ONU informou que está investigando denúncias de mortes, prisões arbitrárias e abuso sexual em massa. Segundo a organização, os culpados serão responsabilizados.
“Eu peço aos líderes do Sudão do Sul que ordenem às suas forças a baixarem as armas e deem uma chance à paz”, disse Hilde Johnson.
Hoje, o presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, e o primeiro-ministro da Etiópia, Haliemariam Desalegn, foram ao país na tentativa de mediar o conflito e tentar encontrar uma solução negociada aos confrontos. O ministro dos Negócios Estrangeiros etíope, Tedros Adhanom Ghebreyesus, informou que foram feitos “bons progressos” nesta quinta-feira.
Está marcado para amanhã (27) em Nairóbi, no Quênia, um encontro da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (Igad, sigla em inglês), bloco comercial formado por oito países africanos, entre os quais o Sudão do Sul.
Os confrontos no país se intensificaram no último mês, especialmente depois de uma tentativa frustrada de golpe de Estado. O conflito opõe forças leais ao presidente Salva Kiir e as do ex-vice-presidente Riek Machar, destituído em julho. Os líderes fazem parte de etnias diferentes, o que desencadeou ações violentas de caráter étnico e pelo domínio de áreas ricas em petróleo – que representam 95% da economia sul-sudanesa.