Só dois dias após que o presidente estadounidense, Donald Trump, pôs novamente em dúvida a mudança climática, um relatório publicado por seu Governo alertou sobre o perigoso impacto desse fenômeno no país.
‘Uma explosão brutal e estendida de frio pode romper todos os recordes. Que tem passado com o aquecimento global?’, escreveu o mandatário em sua conta pessoal da rede social Twitter na passada quarta-feira, quando os prognósticos indicavam recordes de baixas temperaturas para esta época do ano.
Os cientistas do clima criticaram a mensagem do presidente e disseram que não tinha ‘nada incomum’ no fato de que tivesse frio em novembro.
‘Isto demonstra uma vez mais que Donald Trump não é um indivíduo que deva ser tomado em sério em nenhum tema, e muito menos em assuntos tão sérios como a mudança climática’, declarou ao portal Huffington Póst o especialista Michael Mann, da Universidade Estatal de Pensilvania.
Os experientes não demoraram em assinalar uma falha no argumento de Trump: a diferença entre tempo e clima, porque enquanto o primeiro relaciona-se com as condições na atmosfera durante um curto período, o segundo denota tendências em longo prazo, segundo define a Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço (NASA).
Mas a maior refutación do tuit chegou de sua própria administração, pois 13 agências federais publicaram ontem um reporte no qual advertiram que Estados Unidos já sente o impacto da mudança climática mediante fenômenos como incêndios florestais e furacões.
O clima da Terra agora está mudando mais rápido que em qualquer momento na história da civilização moderna, principalmente como resultado de atividades humanas, indicou o reporte elaborado por entidades como a NASA e o Departamento de Defesa.
Os efeitos da mudança climática global se intensificarão, mas a gravidade dos impactos futuros dependerá em grande parte das ações tomadas para reduzir as emissões de gases de efeito invernadero e adaptar às mudanças que se produzirão, acrescentou o texto.
Segundo os autores, estão mais seguros que nunca de que a mudança climática representa uma grave ameaça para a saúde e a economia dos estadounidenses, bem como para a infraestrutura e os recursos naturais do país.
As temperaturas mais altas, alertaram, matarão a mais pessoas, pois só no médio oeste desta nação, onde se prevê o maior aumento, se produzirão dois mil fallecimientos prematuros adicionais por ano para 2090.
Com o contínuo crescimento das emissões de gases de efeito invernadero, projeta-se que as perdas anuais em alguns setores econômicos atingirão centos de milhares de milhões de dólares para fins de século, mais que o produto interno bruto atual de muitos estados norte-americanos, acrescentou o estudo.
Este reporte, o qual leva por nome Quarta Avaliação Nacional do Clima, ia ser publicado no mês próximo, mas finalmente se deu a conhecer ontem, quando se realizou neste país a jornada de rebajas da Sexta-feira Negra, que segue à celebração do dia de Ação de Graças.
O exvicepresidente democrata Ao Gore, bem como vários meios e analistas, acusaram à administração Trump de tratar de ocultar o preocupante relatório ou fazê-lo passar inadvertido nesta etapa de festividades, porque o mesmo critica à indústria do carvão aliada do mandatário.
Segundo o senador independente e exprecandidato presidencial democrata Bernie Sanders, o governo de Trump tentou enterrar o novo relatório sobre as consequências devastadoras da mudança climática porque as ações do mandatário estão-no piorando ativamente.
‘Nossa tarefa é clara. Devemos reduzir de maneira imediata e dramática as emissões de contaminação de carbono’, apontou em Twitter.
Esta é a Avaliação Nacional do Clima que a Casa Branca não quer que leia (ao a lançar na Sexta-feira Negra), assinalou no mesmo serviço de microblogging Collin Ou’Mara, presidente da Federação Nacional de Vida Silvestre.
Lindsay Walters, porta-voz da Casa Branca, assinalou em um comunicado que o estudo se baseia em grande parte no palco mais extremo, o qual contradiz as tendências estabelecidas faz muito tempo, e acrescentou que parte do trabalho foi recopilado durante a administração de Barack Obama (2009-2017).
Mas Katherine Hayhoe, uma das autores do material, recusou a afirmação de Walters ao qualificá-la de ‘demostrablemente falsa’.
Escrevi o capítulo sobre palcos climáticos, pelo que posso confirmar que se consideram todos, desde aqueles nos que temos um carbono negativo até aqueles nos que as emissões de carbono continuam aumentando, tuiteó.
Precisamos pôr-lhe um preço ao carbono. Precisamos financiar nossas agências de ciência. Precisamos infraestrutura verde, considerou ao respeito o senador democrata Brian Schatz, quem chamou ademais a regressar ao Acordo de Paris sobre mudança climática, que Trump decidiu abandonar no ano passado.
Para o representante Eliot Engel, dessa mesma força política, a Avaliação Nacional do Clima diz exatamente o que todos, excepto o presidente e o Partido Republicano já sabem: ‘a mudança climática é um grande problema e devemos atuar agora’.