Genebra – Os chefes da diplomacia das grandes potências ocidentais juntaram-se, hoje (8), às discussões sobre o programa nuclear iraniano, que ocorrem em Genebra. O fato alimenta expetativas quanto a um acordo próximo, depois de anos de impasse. Intensas negociações diplomáticas ocorrem na noite de hoje e se estenderão, pelo menos, até amanhã.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, anunciou que vai chegar à Suíça no sábado, o que confirma que as negociações vão prolongar-se por mais um dia.
Uma reunião tripartite entre a alto representante da União para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança e vice-presidente da Comissão Europeia, Catherine Ashton, o norte-americano, John Kerry, e o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irã, Mohmmad Javad Zarif, deu início à missão da União Europeia, em Genebra.
“Há muitos problemas que tocam nos interesses fundamentais de vários países. É a razão pela qual o nível [da negociação] passou para o de ministro”, explicou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Riabkov.
“Amanhã (sábado), esperamos alcançar o resultado que o mundo inteiro espera”, acrescentou Riabkov. “Nenhum dos participantes quer sair sem um resultado positivo”, disse, realçando que o contrário “seria um erro estratégico”.
Mas, como prova da possibilidade de uma evolução real depois da eleição de Hassan Rohani para a Presidência iraniana, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, estimou que as negociações em curso “são a ocasião para progressos reais”.
Kerry, que interrompeu uma viagem pelo Oriente Médio para se deslocar com urgência a Genebra, juntou-se a representantes da França, Grã-Bretanha e Alemanha, que integram o Grupo dos 5+1 (China, EUA, Federação Russa, França e Reino Unido, mais a Alemanha), que procura há anos resolver a questão do programa nuclear iraniano.
“Tenho de realçar que ainda existem algumas questões muito importantes na mesa que ainda não foram resolvidas”, preveniu Kerry, acrescentando: “Elas têm de ser tratadas corretamente e em pormenor”. Insistindo neste ponto, o americano disse que sua expectativa é que se possa “reduzir estas divergências”. No entanto, ele ponderou que “ninguém pode ignorar que existem divergências importantes a superar”.
Três pontos em particular retêm a atenção dos ocidentais, segundo a delegação francesa chefiada pelo ministro Laurent Fabius, que são a necessidade de tornar mais clara a posição iraniana sobre “a construção do reator de água pesada de Arak”, suscetível de produzir plutônio utilizável para fins militares, o futuro do urânio enriquecido em 20% e “a questão mais geral do enriquecimento [de urânio] no Irã”.
Ao mesmo tempo foi divulgado que o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Yukiya Amano, viajará para Teerã.
Autoridades iranianas têm ressaltado nos últimos dias que o direito do Irã de enriquecer urânio transformou-se em “uma linha vermelha”, sem excluir porém uma evolução da sua posição quanto “ao nível, à forma e à dimensão” deste enriquecimento. O Irã dispõe de 19 mil centrifugadoras para o enriquecimento.
Israel tornou público, hoje, o alerta aos ocidentais quanto a um acordo com o Irã. “Israel não é obrigado por este acordo e fará tudo o que for necessário para se defender e defender a segurança do seu povo”, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, denunciando o que considerou “a burla do século”, durante uma reunião de duas horas, no Aeroporto Ben Gourion, de Tel Aviv, com John Kerry.