Por Lucas Berti
Tabaré Vázquez considerou que desaprovação feita por militar em programa de rádio foi “atividade política” e violou Constituição; pena é de 30 dias
O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, mandou prender por 30 dias o comandante do Exército do país, Guido Manini Ríos, após o oficial criticar um projeto de lei que prevê mudanças na reforma do sistema de aposentadoria militar.
Além de emitir opinião sobre o caso, Ríos demonstrou insatisfação com o trabalho feito pelo ministro do Trabalho, Ernesto Murro, falando que o político não estava “bem informado”, ainda que não minta de forma “consciente”.
A Constituição do Uruguai não permite que representantes militares exerçam atividades políticas que não sejam o direito ao voto.
O comandante se manifestou logo após a reforma das aposentadorias, apresentada pela Frente Ampla, ser aprovada no Senado. Durante entrevista ao programa “Todo Pasa”, da rádio uruguaia Oceano FM, Ríos disse que o ministro deve “pegar uma calculadora” e “analisar os termos da lei” para entender a “realidade”.
O presidente disse, nesta quarta-feira (12/09), que a fala “é uma atividade política”, violando, assim, “o artigo 77 da Constituição da República”. Vázquez disse, porém, que a “confiança na lealdade institucional” do chefe do Exército e sua a “boa-fé” em sua atuação “não estão em jogo”.
A punição terá início quando Guido Manini Ríos retornar de missão oficial no México, no dia 18 de setembro.
O ex-presidente do Supremo Tribunal Militar, Julio Halty, explicou ao jornal “El Pais” que existem dois tipos de reclusão no caso de punição a militares. Uma é a “prisão simples”, em que o oficial está apto a circular pela unidade em que cumpre pena. A outra, mais rígida, prevê que o preso deve permanecer “em um recinto fechado”, como é o caso de Ríos.
Polêmicas entre Executivo e Exército
A relação entre Tabaré Vázquez e polêmicas envolvendo militares começou ainda no primeiro mandato presidencial do político, em 2006. Na oportunidade, o presidente destituiu o então comandante do exército, Carlos Díaz, por conta de reuniões feitas com o ex-presidente Julio María Sanguinetti e ex-ministro de Defesa, Yamandú Fau.
O atual comandante Manini Ríos também esteve envolvido em uma polêmica, quando prestou homenagem em sua conta pessoa do Twitter a Artigas Álvarez, irmão do ditador Gregório Álvarez, em julho.