Investidores que perderem confiança na moeda europeia podem aplicar no dólar estadunidense ou no franco suíço. Para o economista belga Paul de Graauwe, isso não é um problema preocupante:

“Que o valor do euro caia é boa notícia porque o euro agora está muito caro. Isso aumentará as exportações na zona do Euro. Em minha opinião, o euro pode cair tranquilamente até uma cotação de 1,2 ou 1,1 dólares, como era no início”.

**Irmãos mais fracos**
Um euro fraco é bom para a exportação, que fica mais barata. Mas uma zona do euro desintegrada – por causa dos irmãos mais fracos como a Grécia, Irlanda, Portugal ou Espanha – é outra história.

Para os grandes fundos de pensão holandeses, que investem em títulos públicos estrangeiros, o dano não é assim tão grande, avalia Michel van der Stee, analista do banco holandês Van Lanschot. “Se falamos de Portugal, Grécia ou Irlanda o problema não é assim tão grande. Mas se olhamos para a Itália, a importância pode aumentar. Temo que a Itália seja muito grande para ser salva. E isso seria imediatamente o fim da zona do euro”.

**Neuro**
É difícil negligenciar o dano caso uma economia grande, como a italiana, despenque e, com isso, o mesmo aconteça com o euro. Até se os países de economia forte quiserem lançar um Neuro (euro do Norte da Europa) eles não saem ilesos.

Os irmãos mais fracos irão reintroduzir suas antigas moedas nacionais e essa enorme desvalorização irá fazer com que seus produtos de exportação se tornem muito mais baratos. Mas suas dívidas externas continuam anotadas no antigo e caro euro. Converter para a sua nova e barata moeda faz com que a dívida seja ainda mais cara e impossível de pagar. Somando esses fatores produz-se uma forte recessão econômica, adverte Van der Stee.

**Operação de resgate**
Bas Jacobs, também prevê que os danos de uma zona do euro que se desintegra são muito maiores do que os custos de uma operação de resgate à Grécia. Ele é professor de economia e finanças governamentais da Universidade Erasmus, em Roterdã.

Para os três professores entrevistados pela Radio Nederland, é inevitável uma isenção de parte da dívida grega. A emissão de títulos públicos europeus também é uma solução quase inevitável. Com isso fica garantida a confiança em países de economia forte, como a Alemanha e a Holanda, e os juros baixos sob esses ‘parceiros do euro’. Os irmãos mais fracos também serão beneficiados. De acordo com Jacobs, esse é um tipo de solidariedade inevitável.

“Todas essas soluções têm em comum o fato de que aquele que paga impostos na Europa será quem correrá o risco que os países em problemas podem ter. O problema crucial para a zona do euro nesse momento é que precisamos caminhar para uma política mínima europeia, na qual os custos dos países com problemas possam ser divididos.

**Relutante**
Solidariedade europeia. É um recado difícil e os populistas na Europa são contra. Isso faz com que os líderes de governos, por sua vez, relutem na hora de decidir.