‘Ontem tinha neofascistas e pessoas contra o aborto, por exemplo. Essas são pautas da direita’, diz militante
São Paulo – Após um levante conservador no ato realizado ontem (20) em São Paulo, em “comemoração” à redução da tarifa do transporte público na cidade, o Movimento Passe Livre informou que não convocará mais atos, conforme nota emitida na madrugada de hoje (21). O texto repudia atos de violência contra partidos políticos.
“O MPL é um movimento social apartidário, mas não antipartidário. Repudiamos os atos de violência direcionados a essas organizações durante a manifestação” da mesma forma que “repudiamos a violência policial”, diz o texto.
“O MPL luta por um transporte verdadeiramente público, que sirva às necessidades da população e não ao lucro dos empresários. Assim, nos colocamos ao lado de todos que lutam por um mundo para os debaixo e não para o lucro dos poucos que estão em cima.”
Segundo o militante Rafael Siqueira, a redução das tarifas em São Paulo e o rumo que o movimento tomou levaram à decisão de não programar novos atos. “Ontem tinha neofascista e pessoas contra o aborto, por exemplo. Essas são pautas da direita”, diz.
Ao todo, o Passe Livre realizou sete atos em São Paulo, o primeiro no dia 6, quatro depois do aumento da tarifa. Depois do ato do último dia 13, quando houve forte repressão policial do governo Geraldo Alckmin (PSDB), as marchas ganharam força no país, mas, aos poucos, passaram a reunir bandeiras de grupos heterogêneos, cujo ponto em comum é a negação e a criminalização da política, com o foco dos ataques voltado contra o PT e o governo Dilma.
A intolerância com partidos políticos, que já ocorrida desde o ato de segunda-feira, se intensificou ontem. Partidos de esquerda e movimentos sociais foram hostilizados, e houve uma divisão extra oficial do ato em dois blocos.
por Sarah Fernandes, da RBA