Na mesma noite do dia 5 de junho, quando os primeiros resultados o davam como ganhador sobre a conservadora Keiko Fujimori, Humala anunciou que como dirigente buscará a unidade latino-americana e desenvolverá relações fraternas com os países da região, sem exclusões.
Na quinta-feira passada, empreendeu a primeira etapa de uma viagem de uma semana pela América do Sul, com escalas no Brasil, Paraguai, Uruguai, Argentina e Chile, convidado pelos presidentes desses países.
Posteriormente visitará, também convidado, Bolívia, Colômbia, Equador e Venezuela.
Com ânimo integracionista, Humala tem dito que espera que todos os presidentes latino-americanos assistam à cerimônia de transferência de comando, que será realizada no dia 28 de julho, quando assumirá a Presidência e terminará o controvertido gerenciamento de seu antecessor, Alan García.
A ênfase regional da nova política exterior do Peru foi destacada pelo prestigioso jornalista César Lévano, que considera que a mesma é diferente à do governo atual do presidente Alan García.
Essa política, assinala Lévano em sua coluna do jornal La Primera, contrasta com o empenho de García de impulsionar o “arco do Pacífico” com Colômbia, Chile e México, que pretende “unir os estados mais submetidos aos ditames do império e quebrar a frente única latino-americano”.
Os primeiros dias de Humala como presidente eleito se caracterizaram também por pressões midiáticas, políticas e empresariais de tom conservador, que pretendem impor a nomeação de servidores públicos da confiança desses setores em cargos chaves.
O presidente eleito tem suportado a pé firme essas pressões, que usaram uma queda especulativa da Bolsa de Valores de Lima como instrumento de chantagem, e advertiu que não cederá e usará o tempo necessário.
A respeito, esclareceu que chegou ao governo sem compromissos com grupos econômicos.
Assegurou que só tem compromisso com o povo que o elegeu, e que consiste em cumprir com as reformas sociais moderadas e marcadas oferecidas durante sua campanha eleitoral.
Sem que as pressões consigam seu objetivo, todas as forças políticas e até os agrupamentos empresariais têm reconhecido que o presidente deve tomar suas decisões com tranquilidade e sem que ninguém o apresse.
Tais opiniões têm em conta que nem sequer foi oficialmente proclamado como presidente eleito e que, segundo disse o próprio Humala, é estranho que existam os que queiram apressá-lo, como não ocorreu com seus antecessores.
Antes de partir a seu périplo sul-americano, por outra lado, o presidente eleito designou uma comissão encabeçada por sua primeira vice-presidente, Marisol Espinoza, e integrada por cerca de vinte qualificadas personalidades de sua organização, Gana Peru, e independentes, para que coordene com tempo a transferência do aparelho estatal à nova administração.
Na primeira semana depois da eleição de Humala, registrou-se também diversas expressões das notáveis expectativas sociais que gera sua promessa de transformação.
A Confederação Geral de Trabalhadores (CGTP) destacou o caráter democrático da vitória de Humala e assumiu a tarefa de defender o novo governo frente às pressões conservadoras.
A central sindical assinalou que o sucesso do governo nacionalista depende do cumprimento de suas promessas e do objetivo de fazer com que o crescimento da economia chegue a todos os peruanos.