No início, era adepto do traço tradicional até que no período do entre-guerras, quando morou na Itália, passou a explorar as metamorfoses e os mergulhos no infinito.

**Gravuras disputadas**
Foram cinco anos de negociações para levar a obra do artista para o Brasil. Além de muito frágeis, as gravuras são disputadas por vários museus mundo afora e os interessados precisam entrar em uma fila de espera. Pieter Tjabbes, curador da exposição que já esteve em Brasília, atualmente pode ser vista no Rio, e que viaja ainda para São Paulo, conta que vários motivos o incentivaram a permanecer na disputa pelas obras, como a popularidade do artista e a sua capacidade de introduzir o público no mundo das artes. *“Outro motivo, mais pessoal, é que desde jovem sou fascinado pela obra de Escher. Quando tinha seis anos, meus pais me deram um pôster que coloquei no meu quarto e que ficou lá por muitos anos. De uma certa forma eu fui impregnado pelas imagens de Escher”*, relembra o holandês que vive no Brasil desde a década de 80.

O trabalho de Escher demorou a ser reconhecido pela crítica. Apenas quatro anos antes de morrer ele teve a primeira mostra retrospectiva. Por muito tempo o artista foi admirado principalmente por cientistas e matemáticos. Nos anos 50, no entanto, foi descoberto pelos americanos e desde então se tornou um ícone, principalmente entre o público mais jovem.

**Algo mais**
Pieter Tjabbes enumera algumas características que fazem com que Escher seja um ótimo caminho para iniciar pessoas de todas as idades no mundo das artes e dos museus: *“É uma obra figurativa e que agrada por vários motivos: ele é bem-feito, bonito e acessível. E sempre tem algo a mais do que você está vendo na primeira instância. Você tem que olhar uma segunda vez para sacar o que ele está querendo dizer de fato”*.

Além das 95 gravuras de Escher, a exposição conta ainda com dez instalações que permeiam a mostra e explicam o universo do artista de maneira lúdica. Tjabbes acredita que este formato só é possível porque a obra de Escher propõe uma relação participativa e enigmática. Para ele, este é um diferencial do artista e da exposição, que atingem, ambos, um público muito maior, que não precisa necessariamente ser grande conhecedor das artes plásticas. *“Da forma como estamos agindo, as pessoas vão lembrar da exposição, das imagens e, inclusive, vão lembrar que foram instigadas a pensar sobre o que viram”*.

**Popular**
Se você nunca ouviu falar de Escher, provavelmente já viu alguma obra dele. Além de ser usado no meio acadêmico, o artista é constantemente revisitado pela publicidade, pelo cinema e até mesmo pela moda. Em 2009, o estilista Alexander McQueen, por exemplo, se inspirou em Escher para criar sua coleção outono-inverno. Pieter Tjabbes confirma: apesar de não ser um dos grandes nomes mundiais, Escher faz parte do imaginário de muita gente e possui um lugar próprio na história da arte.

‘O mundo mágico de Escher’ fica em exposição no Rio de Janeiro até o dia 27 de março no Centro Cultural Banco do Brasil. Depois, a mostra viaja para São Paulo, onde fica aberta ao público de 18 de abril a 17 de julho no CCBB paulista.