A exposição “Direitos Migrantes: nenhum a menos”, em cartaz no Museu da Imigração desde o dia 24 de setembro de 2016, tem seu encerramento marcado para o próximo domingo, 18 de dezembro, data em que é celebrado o Dia Internacional dos e das Migrantes.
Tendo como ponto de partida o entendimento de que a migração é um direito humano, independentemente da nacionalidade da pessoa, de seu país de origem ou de destino, a exposição traz uma amostra da mobilização de migrantes por uma cidadania em movimento na cidade de São Paulo a partir de diferentes olhares.
Dois projetos de História Oral desenvolvidos pelo Museu da Imigração – “Conselheiros extraordinários imigrantes nos conselhos participativos municipais” e “Mulheres em movimento: migração e mobilização feminina no estado de São Paulo” – são o fio condutor da exposição, trazendo entrevistas com migrantes das mais diversas origens (como Alemanha, Argentina, Angola, Bolívia, Chile, China, Estados Unidos, Guiné-Bissau, Mali, Peru e Senegal) residentes em São Paulo.
A exposição conta, ainda, com fotografias de diferentes fotógrafos que acompanham e fazem parte dessa mobilização por direitos, vídeos do coletivo Visto Permanente – que, por meio da construção de um acervo de audiovisual, se propõe a contribuir com visibilidade de migrantes por meio da sua arte e cultura -, textos e poemas escritos por migrantes, assim como áudios captados em eventos protagonizados por migrantes, como o Fórum Social Mundial das Migrações.
Por meio de imagens, sons e textos foram postas em evidência diversas vozes e experiências de migrantes na cidade de São Paulo. Ainda que essas pessoas possuam trajetórias e bagagens únicas, todas trazem consigo um mesmo componente essencial: seus direitos humanos; direitos que migram junto com essas pessoas e que são inerentes a sua existência, não importando o local em que elas se encontrem. E é justamente por querer exercer esses direitos que elas se mobilizam, demandam e ocupam espaços nas cidades. A exposição traz quatro eixos principais. No primeiro são representadas as fronteiras enfrentadas por essas pessoas no Brasil – tanto em seus aspectos mais práticos e legais quanto em seu sentido simbólico, sob um contexto mundial no qual predominam as políticas restritivas e seletivas, que impedem ou dificultam o ingresso de determinadas pessoas nos países de destino, assim como recebem migrantes com crescentes atos de violência com motivações racistas e xenofóbicas.
A ideia é refletir sobre as razões que geram desconfiança e hostilidade perante uma pessoa que tem a cor de pele, a língua, a cultura, a religião ou a nacionalidade diferentes. E quando somos nós que migramos e somos os “outros”, os “estrangeiros”? Será que nossa presença em outros países é vista com medo e como ameaça?
Os outros três eixos retratam o protagonismo de migrantes nas lutas por seus direitos e por maior espaço cultural, social e político. Aqui se destacam o direito a participação política, assim como a campanha pelo direito ao voto no Brasil; a conquista de espaços e visibilidade por parte das mulheres migrantes no movimento,cabendo mencionar a Frente de Mulheres Imigrantes e Refugiadas, representada especialmente pelas entrevistas com algumas integrantes e pela primeira faixa delas presente na exposição; e as inúmeras formas de manifestação cultural como meio de expressão.
A luta por direitos e as diversas outras formas de manifestação dessas populações, assim como o próprio processo migratório, podem ser entendidos como atos de resistência e mobilização por um mundo em que a origem de uma pessoa seja soma, não um limite. A exposição “Direitos Migrantes: nenhum a menos” tenta apresentar ao público uma amostra dessa mobilização.
Texto: Tatiana C. Waldman, pesquisadora do Museu de Imigração do Estado de São Paulo.
Exposição “Direitos migrantes: nenhum a menos”
Sala Hospedaria em Movimento
Datas: de 24 de setembro a 18 de dezembro de 2016
Horário: Terça a sábado, das 9h às 17h, e aos domingos das 10h às 17h.
Local: Rua Visconde de Parnaíba, nº 1316 – Mooca –São Paulo
Informações: (11) 2692-1866 ou www.museudaimigracao.org.br