São Paulo – Para o diretor executivo da Fundação Mozilla, Mark Surman, as pessoas precisam estabelecer uma relação com a internet que vá além do consumo. Surman defende que os usuários da rede sejam também produtores de conteúdo. “Nós queremos ter certeza de que eles [usuários] terão uma experiência completa na rede, como produtores, não só como consumidores”, disse hoje (1º), após sua palestra na Campus Party, evento de tecnologia que ocorre no Pavilhão do Anhembi, zona norte paulistana.
A Fundação Mozilla é uma organização sem fins lucrativos que desenvolve produtos de código aberto, entre os quais o mais famoso é o navegador Firefox.
A participação mais ativa dos usuários não depende, na opinião de Surman, das condições de infraestrutura do país, mas de ações que incentivem as pessoas a conhecerem o funcionamento da internet. “Nós começamos a ver as pessoas comprando tablets baratos, de US$ 50, US$ 60, com um receptor de TV embutido. Essas pessoas estão comprando e usando o aparelho só como uma televisão, mas têm um computador poderoso nas suas mãos”, ressaltou.
Surman comparou o trabalho feito pela Mozilla ao que foi feito pelos escoteiros no início do século 20. De acordo com ele, acampar era uma atividade técnica, feita por profissionais, e os escoteiros mudaram isso. “Os escoteiros pegaram isso e trouxeram para nossas vidas, como algo simples, que fazemos por diversão e para nos conectar à natureza”, disse.
Para ocorrer o mesmo com a internet, segundo Surman, é necessário que a plataforma seja mantida aberta, permitindo uma construção coletiva, “como o Lego [o brinquedo de montar]”. Por isso, o diretor destacou a importância de conscientizar os parlamentares de cada país sobre o funcionamento da rede, de modo a evitar a aprovação de leis restritivas.
Além disso, Surman acredita que o trabalho de promover a produção de conteúdo e construção das plataformas tem de levar em conta que as pessoas usam cada vez mais celulares e tablets para acessar a internet. “Está se tornando mais fácil sermos produtores de conteúdo com os celulares e tablets, se as pessoas tiverem a noção de como operar o sistema”.
Surman também chamou a atenção para o controle da privacidade nas redes sociais e a importância de as pessoas saberem como seus dados pessoais podem ser utilizados por empresas de forma comercial. “Dar para as pessoas controle sobre seus próprios dados é uma questão crucial”.
Matéria de Daniel Mello, Repórter da Agência Brasil