Nos dias 29 e 30, o personagem participou de manifestações em Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, com o objetivo de criticar os deputados da bancada da motosserra, grupo de ruralistas que integram uma comissão especial sobre o Código Florestal, cujo relator é o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP).
O porta-voz do Greenpeace, Rafael Cruz, aponta a unilateralidade da proposta, que não levou em consideração a opinião da sociedade civil. “Buscamos com essa atividade alertar e engajar a população contra as mudanças no Código Florestal. Queremos conversar com as pessoas, ouvir suas opiniões e saber o que pensa a sociedade brasileira que ficou de fora da discussão sobre o futuro de nossas florestas”.
Segundo ele, a participação popular durante os atos foi positiva, e as pessoas tiveram a oportunidade de conversar e esclarecer dúvidas. “A sociedade conhece a importância da responsabilidade ambiental, mas o Código Florestal não está na cabeça das pessoas, e muito menos as constantes ameaças que ele está sofrendo”.
De acordo com a organização, a aprovação das modificações acarretaria uma diminuição considerável das áreas de preservação legal da mata nativa, aumento dos níveis de desmatamento em áreas de preservação permanente (APP), como margens de rio, encostas e topos de morros, e a transferência para os estados da tarefa de legislar e cuidar das florestas tropicais.
As mudanças responderiam as necessidades dos grandes agricultores e do agronegócio por uma legislação mais branda e flexível, com a completa anistia aos crimes ambientais cometidos nas últimas cinco décadas.
Durante os atos públicos realizados pelo Greenpeace, os manifestantes também puderam demonstrar sua desaprovação às alterações por meio de uma petição direcionada ao relator da comissão. Até agora, foram contabilizadas mais de 70.000 assinaturas, sendo que quase 10.000 foram conseguidas durante este final de semana.
O deputado Aldo Rebelo prometeu, inicialmente, avaliar a proposta ainda nos primeiros dias de junho, mas declarou recentemente que a apresentação acontecerá na próxima semana, entre os dias 8 e 10. Depois disso, o projeto será debatido oficialmente em duas sessões, antes de seguir para votação na Câmara dos Deputados.
Apesar da pressão realizada pela ‘bancada da motosserra’, lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) não acreditam que o relatório seja votado no próximo mês. “Estamos com agenda sobrecarregada de medidas provisórias, e para que esse relatório seja levado a voto tem de fazer parte de um amplo acordo de lideranças”, explicou o deputado federal Fernando Ferro (PT-PE).
O porta-voz do Greenpeace destacou ainda a importância da legislação ambiental brasileira, uma das pioneiras no assunto. “Nosso Código joga no colo da sociedade o valor social das florestas e o respeito à natureza nativa, mesmo aquela localizada dentro das propriedades privadas. Esse reconhecimento não é trivial, não acontece no mundo inteiro. O Brasil deu um passo à frente”, afirma.
“Temos de ficar com os olhos abertos durante as próximas semanas, principalmente pelo fato de que os deputados adoram a publicidade do período eleitoral. A campanha precisa de mais difusão na sociedade, e nosso Código não pode ser trucidado”, defendeu o porta-voz.
Para maiores informações e para assinar a petição online, consulte www.greenpeace.org.br.