Buenos Aires – O governo das Ilhas Malvinas (Falkland Islands) convocou para os próximos dias 10 e 11 de marco um plebiscito para que os quase três mil moradores possam decidir se querem manter o status de território ultramar do Reino Unido. Se votarem que sim, o pequeno arquipélago do Atlântico Sul manterá a autonomia para decidir onde investir o dinheiro que ganha, que inclui atividades de turismo, pesca e petróleo. O governo britânico, no entanto, continuará como responsável pela política internacional e defesa das ilhas.
O plebiscito, anunciado desde o ano passado, é a forma mais “democrática e incontestável”, segundo as autoridades das ilhas e o governo britânico, de decidir o futuro das ilhas, cuja soberania é disputada pela Argentina há 180 anos. Mas o governo argentino argumenta que o principio de autodeterminação dos povos não se aplica ao caso, porque os kelpers (como são chamados os moradores das Malvinas) não são nativos. Foram levados para povoar as ilhas desertas pelos britânicos, quando expulsaram os argentinos do local, no século 19.
Nas Nações Unidas, a soberania das Malvinas é uma questão pendente: trata-se de uma das ultimas colônias,cujo futuro deveria ser negociado pelos governos britânico e argentino. Mas o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, recusou todos os pedidos feitos pela presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, que fez das Malvinas uma prioridade de sua política externa e conta com o apoio dos governos dos países vizinhos.
O aniversário de 30 anos do começo da Guerra das Malvinas (ou Falklands War, para os britânicos), no ano passado, foi celebrado com uma série de cerimônias e discursos na Grã-Bretanha e na Argentina.
As ilhas foram o motivo da guerra ocorrida em 1982 entre o Reino Unido e a Argentina, na época governada pelos militares. Os argentinos foram derrotados militarmente, o que acabou levado à queda da ditadura, um ano depois. Mas todos os governos democráticos, desde então, continuam reivindicando a soberania das ilhas e exigindo ao Reino Unido que cumpra as resoluções das Nações Unidas e se sente para negociar.
A convocatória ao plebiscito foi publicada nesta sexta-feira (18) na página do governo das Malvinas e faz referencia à disputa com a Argentina. O texto diz que a votação foi marcada para ouvir a opinião da população, uma vez que os argentinos estão reclamando negociações para discutir a soberania das ilhas. Caso a maioria vote contra o atual status, outro plebiscito será convocado oferecendo mais opções.
Matéria Monica Yanakiew Correspondente da EBC na Argentina