“O Irã deve ter o direito de manter atividades nucleares pacíficas, mas a comunidade internacional deve receber garantias de que não haverá violações nem desvios para o uso em fins militares”, afirmou o ministro Celso Amorim, ontem, 27 de abril. O brasileiro está em visita ao Irã para preparar viagem do presidente Lula ao país no mês que vem.
“Na maioria das vezes, por algum motivo, pode haver dúvidas e até suspeitas. Mas o que o Brasil diz é que todas essas ambiguidades precisam ser eliminadas.”
Contra sanções O programa nuclear iraniano, que o país insiste ser pacífico, tem sido o principal assunto da visita de dois dias do ministro a Teerã. Na segunda-feira, Amorim se reuniu com o principal negociador nuclear iraniano, Saeed Jalili, e com seu antecessor no cargo, Ali Larijani.
Em entrevista à agência de notícias oficial iraniana Irna após os encontros, ele afirmou que o Brasil está interessado em evitar que o Conselho de Segurança da ONU imponha uma nova rodada de sanções ao Irã.
“Acreditamos que sanções são ineficientes”, afirmou. “A única coisa que as sanções fazem é prejudicar as pessoas, principalmente as classes mais baixas.” O Brasil é membro temporário do Conselho, que reúne ainda outros 14 países. Para serem aprovadas, as sanções precisariam de pelo menos nove votos na organização, sem que nenhum dos membros permanentes usem seu poder de ‘veto.
Ainda na mesma entrevista, Amorim disse que o Brasil poderia considerar a hipótese de realizar em território nacional o enriquecimento de urânio para o Irã. “Até o momento, não houve uma proposta. Mas se recebermos essa proposta, ela seria examinada”, afirmou.
Sobre as críticas à aproximação do Brasil com o Irã, o ministro afirmou que elas são “naturais”. “Até nossos melhores técnicos de futebol enfrentam críticas”, brincou. “Mas as críticas não podem ser vistas como uma pressão.”