Berlim (Prensa Latina) Nos últimos dias do ano de 2012, a chanceler alemã, Angela Merkel, ficou mais sozinha que 12 meses atrás.
O crescente isolamento do governo alemão a nível europeu e a resistência política no interior preocupam a “chanceler de ferro”.
Durante sua última declaração de governo, Merkel, de 58 anos, pareceu rendida, comentou o jornal Sueddeutsche Zeitung, “esgotada das mesmas lutas de sempre pelo resgate do euro”.
Sem dúvida alguma, Merkel e seus partidos de coalizão receberam muita resistência nos últimos 12 meses.
No começo do ano passado, apresentou-se com uma clara pretensão de encabeçar a União Europeia, no meio da crise mais grave em sua história.
Mas a vitória eleitoral de Francois Hollande na França e a resistência cada vez mais aberta dos governos do sul da Europa puseram limites a Berlim.
Em vista desta situação, Merkel assumiu pouco a pouco as posições de seus adversários, comentaram com ironia representantes da oposição nacional, ao pôr como exemplo a separação da responsabilidade de bancos e estados.
Com este tema e outros, a França e os países do sul europeu conseguiram impor seus conceitos sobre as propostas da rica e poderosa nação germânica.
A imagem da “chanceler de ferro” que faz questão de uma férrea política de austeridade tem sofrido bastante.
E se isso não fosse suficiente, cada vez mais chefes de governos se distanciam da dirigente democrata-cristã.
Faz poucos dias, o primeiro-ministro renunciante de Itália, Mario Monti, recusou que se comparem suas políticas com as de Merkel.
“Nossa política não se parece em nada”, disse o político, ao sublinhar as diferenças na situação dos dois países.
“Nós damos mais peso ao crescimento que a senhora Merkel”, agregou Monti, numa clara tentativa de distanciar-se da mandatária alemã. “Compartilhamos somente o M do início do sobrenome”, acrescentou com ironia.
Ao mesmo tempo, também na Alemanha aumentou-se a pressão para uma mudança política.
Mais pobreza e desigualdade social, um aumento permanente do nível do preço do aluguel e um sistema social em crise escurecem o balanço do governo.
Sobretudo, as reformas neoliberais do mercado trabalhista provocam debates em nível nacional.
O Partido da Esquerda criticou reiteradamente o número crescente de trabalhadores e empregados com salário baixo.
Como parte de uma resposta a uma interpelação parlamentar dos socialistas, o Ministério de Trabalho reconheceu que em 2011 mais de 1,21 milhão de pessoas com escassa renumeração dependiam de ajudas sociais adicionais.
Segundo a resposta ministerial, o estado tinha que contribuir com 10,73 bilhões de euros, o que o copresidente do partido socialista considerou como “subvenção de salários de fome”.
O paradoxo político é, que, no meio desta situação, não há uma alternativa na política partidária.
O Partido Socialdemocrata da Alemanha acercou-se nos últimos anos da Democracia Cristã de Merkel, pelo que já não consegue superar os 25 por cento nas pesquisas.
E ainda que o relativamente jovem partido socialista Die Linke (A Esquerda) tenha superado uma crise interna, quase não consegue ultrapassar os 10 por cento nas pesquisas em vista de uma permanente campanha mediática contra si.
Assim terminou o ano de 2012 com a conclusão de que os confrontos se intensificarão diante das eleições parlamentares no outono deste ano.
No meio da crise do euro, o ano 2013 trará mudanças decisivas para a nação alemã.
A questão é se Angela Merkel ainda estará.