Depois de 500 anos continuamos o país da exportação, domínio do latifúndio aliado da má nutrição, que chega à terrível fome para um número imenso de irmãos e irmãs brasileiras. O açúcar, o tabaco, o café, etc. sempre fazendo a riqueza da “macroeconomia” e a pobreza real da microeconomia que é, na verdade, a maior economia porque é a economia da maioria. A jogada da vez é a soja (junto com a imortal cana) que vai consumindo as terras e os bilhões do Estado em infra-estrutura, créditos bilionários, que são bilhões dos impostos arrecadados do mais pobre cafezinho e cachorro-quente da esquina (nem se engane se é uma barraquinha irregular, os produtos foram comprados num (hiper)mercado e já estão devidamente taxados). Planta-se alimentos para o consumo animal nas terras estrangeiras. Engordam-se as vacas no planeta e a população local emagrece.

A falta de terras para a agricultura voltada à alimentação, aliada à política de exportação, regida pelas multinacionais e pelo sistema financeiro tornam o fruto da terra uma mercadoria (commodities, termo usado para dificultar a compreensão), é a mercantilização da vida! Resultado: os alimentos consumidos pela maioria da população tornam-se mais caros porque poucas são as terras dedicadas a eles e, as que são, em sua maioria são controladas pelo preço internacional, criado para atender à exportação. Há muitíssimos casos mesmo de terras que simplesmente não são utilizadas porque ao aumentar a produção de um produto o preço cairia e, com ele, os lucros mais fáceis. Mas não há engano: se os latifúndios se tornassem produtivos não seria automático o benefício na mesa do povão.

Com tudo isso em mente, talvez se tenha uma melhor interpretação da matéria abaixo, de Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual.

Preços da cesta básica tiveram alta generalizada em 2012

 

São Paulo – Os preços da cesta básica tiveram alta generalizada, em 2012, nas 17 capitais pesquisadas pelo Dieese, segundo levantamento divulgado hoje (7). Em nove cidades, a elevação foi acima de 10%, com destaque para três municípios da região Nordeste: Fortaleza (17,46%), João Pessoa (16,47%) e Recife (15,26%). Na cidade mais populosa do país, São Paulo, a cesta aumentou 9,96%. O instituto apurou ainda altas de 11,32% em Brasília, 10,18% em Belo Horizonte, 7,20% no Rio de Janeiro e 6,32% em Porto Alegre. A capital gaúcha teve a segunda menor variação, à frente de Vitória (5,63%). Cinco produtos subiram em todas as cidades: arroz, feijão, óleo de soja, manteiga e café.

Apenas em dezembro, de 18 capitais (o Dieese passou a calcular os preços também em Campo Grande), a cesta básica aumentou em 15, atingindo 10,61% em Goiânia, 3,58% no Rio e 3,41% em Brasília. As três capitais com queda no último mês do ano foram Natal (-2,75%), Vitória (-1,50%) e Aracaju (-0,76%).

O maior valor da cesta continuou sendo o de São Paulo: R$ 304,90. Em seguida, vieram Porto Alegre (R$ 294,37), Vitória (R$ 290,89) e Belo Horizonte (R$ 290,88). Os menores valores foram os de Aracaju (R$ 204,06), Salvador (R$ 227,12) e João Pessoa (R$ 237,85).

Com base no preço da cesta básica em São Paulo, o Dieese calculou em R$ 2.561,47 o salário mínimo necessário para os gastos básicos de uma família. Esse valor corresponde a 4,12 o salário mínimo em vigor até dezembro (R$ 622). Essa proporção era de 4,04 vezes em novembro e de 4,27 em dezembro de 2011.

No último mês de 2012, a jornada média de trabalho necessária para um trabalhador que ganha salário mínimo adquirir os alimentos essenciais foi de 93 horas e 54 minutos, ante 92 horas e 10 minutos em novembro e 97 horas e 22 minutos em dezembro do ano anterior.

O Dieese apurou altas “bastante expressivas” do arroz nas 17 capitais pesquisadas. As principais variações foram registradas em Belém (69,01%), Natal (46,41%) e Aracaju (46,22%). “O preço do arroz sofreu impacto, principalmente, da redução da área plantada, o que ocasionou diminuição da oferta do produto no mercado interno”, diz o instituto.

Já o feijão teve todas as altas acima de 20% no ano passado. Chegaram a 46,64% em Belém, a 44,27% no Rio e 43,33% em Aracaju. “Assim como no caso do arroz, a oferta do produto também sofreu revezes devido a adversidades climáticas no momento do plantio, resultando em queda de produtividade média das lavouras.”

O óleo de soja, segundo o Dieese, sofreu influência do aumento de preços no mercado internacional e da redução da safra nacional. Os principais aumentos foram registrados em São Paulo (27,44%), Vitória (27,05%) e Porto Alegre (26,81%).

No caso da manteiga, as maiores variações foram as de Brasília (21,96%), Salvador (18,31%) e Florianópolis (17,93%). E o café teve as principais altas em Vitória (30,04%), Brasília (26,77%) e Belém (19,45%).