Paris, 7 mai (Prensa Latina) 63% dos franceses não confiam hoje no governo para defender os interesses do país nas negociações sobre o acordo de livre comércio entre a União Européia (UE) e Estados Unidos, mostrou uma pesquisa.
Segundo uma pesquisa do instituto Ifop, realizada para o Atlântico, 68% das pessoas interrogadas consideram que as empresas estadunidenses serão as grandes beneficiárias do Tratado Transatlântico de Livre Comércio e Investimento (TTIP, por suas siglas em inglês).
Unido a isso, perto da metade opina que o convênio constitui uma ameaça para os trabalhadores franceses, arrojou.
O presidente François Hollande expressou em 3 de maio que a França se opõe ao “livre comércio sem regras” e por isso “diz não”, em “o estado atual das negociações”, ao acordo em discussão entre Estados Unidos e a UE.
“Nunca aceitaremos o questionamento de princípios essenciais para nossa agricultura e nossa cultura e de reciprocidade de acesso aos mercados públicos”, apontou.
Algumas horas antes o secretário de Estado do Comércio Exterior do França, Matthias Fekl, manifestou que o fim das negociações sobre esse acordo “é hoje a opção mais provável”.
Durante uma entrevista com a rádio Europe 1, atribuiu essa possibilidade à atitude estaounidense e a sua escassa reciprocidade. “Europa propõe muito e recebe muito pouco de mudança, e isso não é aceitável”, opinou.
Também fez questão de ressaltar o aspecto do meio ambiental ao acrescentar que não teria nenhum sentido ter feito a COP21 (cúpula mundial sobre mudança climática) em dezembro de 2015 em Paris e uns meses depois assinar um pacto que a desfaz.
As declarações de Fekl tornaram-se conhecidas um dia após o Greenpeace divulgar documentos sobre as negociações comerciais entre Estados Unidos e a UE, ao publicar 248 páginas de material confidencial sobre o TTIP.
Esse tratado ameaça com envolvimentos a longo prazo para o meio ambiental e a saúde dos 800 milhões de cidadãos de ambas as partes, disse o Greenpeace ao apresentar.
De acordo com a entidade, as páginas publicadas representam dois terços do rascunho elaborado após a última rodada de negociações em abril e cobrem grande quantidade de setores, desde a agricultura até as telecomunicações.