Sei que é duro de admitir, mas este comentário abaixo do Fabiano Ribeiro é o mais sensato que ouvi nos últimos dias.
Não devemos apoiar fascistas, nem tampouco entrar na onda deles, reagindo com mais agressões ou criando abismos. Precisamos justamente do oposto, ou seja, modificar nosso olhar sobre eles, aplicando humanidade na pele da monstruosidade. Precisamos gerar pontes para novos sentimentos.
Não se combate o ódio com mais ódio, nem a violência com mais agressões. Não é eficaz e nem tem sentido agir dessa forma.
Hoje alguns mais jovens utilizam a palavra “Narrativa”, os mais velhos falam em “Discurso” e tudo vai se reduzindo, porque não prestam atenção aos próprios sentimentos enquanto vão criando suas versões da realidade.
O fascismo surge e ressurge em momentos de crise e de instabilidade, pega justamente no sentimento de derrota de alguns setores que recrudescem no ressentimento. Tanto ódio vive em suas almas, que agora tem sede de sangue.
Silo nos disse uma vez para que não colocássemos nossas esperanças em quem está ressentido, e isso é certo. Mas também nos comentou que, muitas vezes, ao lutar contra injustiças, nos tornamos injustos.
Justamente porque somos passíveis de ser contagiados pelo medo ou pelo ódio daqueles que estão ao nosso redor e com quem nos identificamos.
Precisamos resistir a toda forma de violência e discriminação em nós e fora de nós. Você precisa resistir a esses sentimentos dentro e fora de ti. Eu preciso resistir a essas atitudes em mim e fora de mim.
Necessitamos cuidado para não sermos ingênuos, e ao mesmo tempo atenção para não sermos contagiados pela onda de medo e ódio crescentes. Por último, caso sejamos contagiados, é preciso reverter este processo, gerando uma onda emocional em direção contraria.
Muitos proto-fascistas escondem uma grande insegurança por baixo de seus discursos intolerantes. As armas são reflexo do medo, diria Gandhi.
Neste momento é preciso ter coragem suficiente de combater a intolerância com bondade e a inteligência de contrapor o ódio com amor.
A não-violência não existe se apenas amamos aqueles que nos amam. Só há não-violência quando amamos aqueles que nos odeiam.
Um covarde é incapaz de demonstrar amor. Isso é privilégio dos corajosos.
Por mais dura que seja uma pessoa, mais cedo ou tarde ela pode se fusionar no fogo do amor, se não derreter é porque o fogo ainda não é suficientemente forte.
O amor profundo de uma só pessoa poderia chegar a neutralizar o ódio de milhões de outros seres.
As diferentes interpretações e narrativas que surjam destes sentimentos profundos, podem variar, mas a energia com que vibram e se multiplicam ainda será igual em si mesma.