Atendendo a um pedido da Rede de Atenção à pessoas Afetadas pela Violência de Estado (RAAVE), o Ministério Público Federal emitiu nesta quarta-feira Recomendação aos cemitérios do Rio de Janeiro para que preservem as ossadas dos civis mortos na chacina do Jacarezinho. No documento, o MPF indica que os restos mortais estão à disposição da Justiça até que haja definição sobre a abertura de investigações federais da chacina ocorrida em 2021.

O objetivo da Recomendação é assegurar que os restos mortais possam ser periciados caso o MPF decida pela federalização das investigações. A operação _Exceptis_, nome oficial da chacina do Jacarezinho, resultou na morte de 27 civis, se tornando a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro. Das 27 mortes, apenas uma se tornou processo judicial.

O pedido de federalização foi feito pela RAAVE em junho deste ano. Além da chacina do Jacarezinho, a rede de atenção pediu ainda a federalização de outros 3 casos, que estão sendo analisados pelo MPF. Em todos os pedidos, a RAAVE aponta que os arquivamentos e a estagnação das investigações de casos de assassinatos cometidos por agentes públicos vêm causando sofrimento e adoecimento as famílias atingidas, violando-as em seu direito constitucional à verdade, memória, justiça e reparação. Tais violações, por sua vez, se  desdobram em danos incalculáveis à saúde física e psicossocial de milhares de pessoas.


A RAAVE é uma rede formada por grupos clínicos de atenção psicossocial, coletivos de familiares de vítimas da letalidade policial e instituições defensoras dos direitos  humanos.