A chamada “onda” de violência em São Paulo continua muito forte. O alto número de assassinatos e também de feridos por bala, indica que há um grave erro na política de segurança, que é responsabilidade do governador reeleito, Geraldo Alckmin. Há muito tempo especialistas denunciam o alto número de mortes pelos policias em São Paulo, especialmente pela polícia militar – PM, muito acima de outras cidades de grande e médio porte ao redor do mundo.
Infelizmente, muitos políticos e grande parte da população seguem o lema “bandido bom é bandido morto”. Ou seja, ao invés de prender, julgar, investigar e entender a raiz do problema da criminalidade, para poder atuar preventivamente, de forma a evitar a repetição dos delitos, a PM “atira primeiro e pergunta depois”. A ideia geral é que a repressão ao crime é mais eficiente, quando não é “vendida” como a única opção pelos meios de comunicação co-responsáveis pelas eleições dos últimos seis governadores.
Além do caráter profundamente desumano, de fazer uma “pena de morte de fato”, confrontando o criminoso com ação letal, é uma política de segurança que leva a erros incorrigíveis (bastam os inúmeros exemplos dos países que legalizaram a pena de morte com execuções de inocentes para rejeitarmos sob o ponto de vista humano e mesmo legal, já que não há garantia de justiça). A pressão sobre os policias que estão na rua vem da própria cúpula da Secretaria de Segurança, que não vai decidir sem a concordância do governador. O resultado a cidade está vivendo cruamente nas últimas semanas: a reação dos criminosos é mais violenta, os policiais sem apoio e sem uma rede eficiente de investigação tem que “mostrar serviço” o que se traduz em grande números de prisões e mortes de pessoas que estão longe de serem mandantes ou estarem em posição de comandar a o crime organizado, muitos inocentes são mortos no meio dessa guerra.
É necessário que a população perceba que existem outras políticas de segurança além dessa. Não estamos afirmando aqui que o sistema de segurança é responsável pela criminalidade, mesmo sabendo que há corrupção dentro da polícia e que a Constituição já havia determinado a unificação das polícias civil e militar para que haja reforço de inteligência. Mas pelo menos devemos perceber que toda a ação gera reação e que as coisas estão conectadas, já não se trata de ajuste de contas ou deslocamento de facções, temos que honrar nossos mortos, mais de cem policiais e centenas de brasileiros, fazendo algo diferente do que causou suas mortes, para que não sejam em vão até a próxima “onda”.
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