ARTES VISUAIS

Por CWeA Comunicação

 

Jeane Terra – Mekong: Memórias e correntezas

Depois de seu trabalho nas cidades inundadas pelo Rio São Francisco, em 2022, e, antes, em 2021, no avanço do mar por quarteirões inteiros no Pontal de Atafona, norte fluminense, a artista viajou em 2023 pelo lendário rio asiático, que por quase cinco mil quilômetros atravessa seis países: China, Mianmar, Tailândia, Laos, Camboja e Vietnã. O resultado desta investigação estará em dezenove trabalhos, que ocuparão os dois andares expositivos da Anita Schwartz, em monotipias de pele de tinta, que abrangem os “pixels analógicos” que marcam sua produção, e que desta vez comporão um painel de quase oito metros de extensão. Imagens do rio Mekong serão projetadas no piso térreo. No segundo andar estarão obras relacionadas às ruínas dos templos de Angkor, no Cambodja.

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio 

Abertura: 21 de março de 2024, das 19h às 21h

A artista estará presente

Até 04 de maio de 2024

Entrada gratuita

Anita Schwartz Galeria de Arte tem o prazer de convidar para a abertura, em 21 de março de 2024, às 19h, da exposição “Mekong: Memórias e correntezas”, com dezenove trabalhos da artista Jeane Terra, resultado de sua pesquisa no rio Mekong, no sudeste asiático. A exposição ficará em cartaz até o dia 04 de maio de 2024. O texto crítico que acompanha a exposição é de Cecília Fortes, consultora artística da Anita Schwartz.  

Jeane Terra tem como principal interesse em sua prática artística “as curvas da memória”, os deslocamentos forçados e o impacto nas populações da ação humana sobre o meio ambiente. Ela pesquisa locais que não existem mais, e no caso desta produção atual “lugares que podem vir a desaparecer”. “É um registro antes do fim”, diz.

A exposição reúne seus trabalhos feitos a partir de uma viagem ao Laos, Cambodja e Vietnã pelo rio Mekong, o mais extenso do sudeste asiático, e que atravessa mais três países: China, Mianmar e Tailândia. Meio de transporte, de moradia, de pesca de subsistência e ainda território de conflitos, o Mekong abriga 24 hidrelétricas. O rompimento de uma barragem no Laos, em 2018, matou mais de cem pessoas (dezenas ainda estão desaparecidas) e desalojou outras seis mil.

A fim de buscar os vestígios deste alagamento, Jeane Terra fotografou o local, e transformou as imagens em sua maior obra produzida até hoje: um painel de 7,6 metros de extensão, por 3 metros de altura. Para este painel, a artista utilizará a técnica característica que desenvolveu – a pintura seca, ou pele de tinta, com recortes que aplica sobre a tela, a partir de pigmentos e aglutinantes. Pela primeira vez ela irá usar recortes de 20cm x 20cm, e não os habituais quadrados de 1centímetro, que estão nas demais obras no piso térreo da Anita Schwartz.

“O rio Mekong é responsável por 15% do arroz e 25% da pesca produzidos no mundo”, observa Jeane Terra. As casas flutuantes, as palafitas, a pesca, o plantio do arroz e da flor de lótus, também estão nos trabalhos reunidos na exposição. “Há beleza na forma como o ser humano, entregue a sua própria condição, busca formas de sobreviver e de se relacionar com o rio. O Mekong está pedindo socorro, com grandes áreas de lixo, apesar do apelo turístico dos mercados flutuantes, mas também ali há uma certa beleza na crueza daquela realidade”, conta.

TÉRREO DA GALERIA

No espaço térreo da Anita Schwartz, com 200 metros quadrados e perto de oito metros de pé direito, estarão onze obras. Na grande parede ficará o painel de 7,6 metros, e em cada parede lateral estarão os trabalhos que mostram a relação do ser humano com o rio – as plantações e a pesca. Imagens do rio Mekong serão projetadas no piso térreo. A paleta da exposição segue a do rio barroso, em tons terrosos, deixando as cores mais vivas para as roupas dos habitantes.

SEGUNDO ANDAR – ANGKOR

As ruínas dos templos de Angkor, no Cambodja, construídos entre os séculos 9 e 15, estão em obras de 2m x 1,5m, em média, no segundo andar da Anita Schwartz. Nelas, Jeane Terra explora um material que encontrou no sertão da Bahia, no trabalho sobre Sobradinho, e que lembrou a paisagem de sua infância, em Minas: o pau a pique.

“Em uma impressionante convivência do hinduísmo com o budismo, os templos abandonados há séculos foram sendo ocupados pela natureza, em que árvores abraçam a arquitetura, como um recado para nós. A natureza insiste e persiste, e toma de volta o que lhe foi tomado”, afirma Jeane Terra. “Esta sala nos remete ao sagrado”, continua a artista, “e nos mostra que o ser humano tem a capacidade de construir e de destruir. Esta foi a mais diferente viagem de minha vida”.

O pau a pique – “vestígios e restos da natureza que eu tranço”, nas palavras da artista, que trabalha com galhos e cipós – recebem as monotipias em pele de tinta com imagens dos templos de Angkor. “Lá, a arquitetura está transformada em natureza, e o pau a pique é a natureza transformada em arquitetura. A arquitetura desconstruída é reconstruída a partir do pau a pique, que se torna suporte para falar da paisagem. Angkor é a natureza trançada sobre essa arquitetura”, explica Jeane Terra.

Nessas obras, a monotipia é feita sobre pele de tinta em um formato maior–técnica que a artista desenvolveu em pesquisas por quase um ano, entre 2020 e 2021. A pele de tinta aqui se torna a tela que recebe, por um intricado processo de transferência, a imagem registrada por Jeane Terra nos locais de seu interesse. 

Nas obras com o pau a pique, ele se transforma no chassi que recebe as monotipias em formato maior. Para isso a artista criou uma mistura de barro, argamassa e cimento, e aplicou sobre uma fina tela de metal estruturada no pauapique.

No segundo andar estarão um tríptico e mais duas obras grandes de pau a pique, e outra, também em grande formato, com monotipia em pele de tinta. 

SOBRE JEANE TERRA

Artista mineira (1975) radicada no Rio de Janeiro, Jeane Terra frequentou diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, na Escola Guignard, em Belo Horizonte, entre outros cursos na área. Foi assistente da artista plástica Adriana Varejão por dez anos. Sua pesquisa está atrelada à memória e suas subjetividades, investigando fragmentos e nuances da transitoriedade das cidades, do apagamento urbano, do crescimento desenfreado das urbes e de sua ocupação. Muitas vezes autorreferente, seu trabalho gravita a usina ruidosa de onde vem a substância de sua memória. Trabalhando com diferentes suportes, se dedica especialmente à pintura, escultura, fotografia e videoarte. Com quase quinze anos de trajetória, participou de mostras individuais e coletivas no Brasil e no exterior, das quais se destacam: “Territórios, rupturas e suas memórias”, no Centro Cultural dos Correios, Rio de Janeiro, em 2022, “Escombros, Peles, Resíduos” (março a junho de 2021), Simone Cadinelli Arte Contemporânea, Rio de Janeiro; “Como habitar o presente? Ato 1 – É tudo nevoeiro codificado” (julho e agosto de 2020) e “Como habitar o presente? Ato 3 – Antecipar o futuro” (outubro de 2020 a 16 de janeiro de 2021), Simone Cadinelli Arte Contemporânea, Rio de Janeiro; “O ovo e a Galinha”, Galeria Simone Cadinelli, Rio de Janeiro, “Exposição 360”, Museu da República, no Rio de Janeiro, “Brasil Arte Contemporânea”, Museu Ettore Fico, Turim, Itália, “Abre Alas ”, A Gentil Carioca, Rio de Janeiro (2019); “Projeto Montra”, em Lisboa, em 2013; “Nova Escultura Brasileira – Herança e Diversidade”, na Caixa Cultural Rio de Janeiro, em 2011; e, BiwakoBiennale, Japão, em 2010; individual “Um olhar Invisível”, no Centro Cultural dos Correios, Rio de Janeiro, e a individual “Inventário”, na Cidade das Artes, Rio de Janeiro, em 2018.

Serviço: Exposição “Jeane Terra – Mekong: Memórias e correntezas”

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio 

Abertura: 21 de março de 2024, das 19h às 21h

Até 04 de maio de 2024

Entrada gratuita

Rua José Roberto Macedo Soares, 30, Gávea, 22470-100, Rio de Janeiro

Telefones: 21.2274.3873 | 2540.6446 | 99603-0435 (whatsapp)

Segunda a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados das 12h às 18h

www.anitaschwartz.com.br