ARTES VISUAIS
Por CWeA Comunicação
Artista Rosana Palazyan inaugura obra “O Jardim Adormecido” no Parque da Catacumba, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio
Parque da Catacumba, Lagoa, Rio de Janeiro
Inauguração “O Jardim Adormecido [da Catacumba]”
9 de março de 2024, às 11h
Exposição “Corpo Botânico”
Até: 17 de março de 2024
Curadoria: Vicente de Mello
Produção: Suzy Muniz
Realização: Arte Clube Jacarandá
Entrada gratuita
O Arte Clube Jacarandá e a Lagoa Aventuras têm o prazer de convidar para a inauguração, no dia 9 de março de 2024, às 11h, da obra “O Jardim Adormecido [da Catacumba]”, da artista Rosana Palazyan. Na ocasião, haverá uma ação poética. A obra, que ficará em caráter de longa duração, está no âmbito da exposição coletiva “Corpo Botânico”, com curadoria de Vicente de Mello, e realização do Arte Clube Jacarandá.
“O Jardim Adormecido” é uma série criada em 2012 por Rosana Palazyan (1963, Rio de Janeiro), para ser desenvolvida em cidades, bairros, comunidades, praças ou parques em formato de site specific (feita para um lugar determinado), ações e arte pública. “Propõe um jardim composto inicialmente da terra coletada em pontos diversos do local específico no qual será instalado”, explica a artista. “O conjunto das espécies de plantas só será conhecido quando as sementes dormentes na terra começarem a germinar e transformarem o jardim em uma composição surpreendente. Como obra viva, sua aparência estará em constante processo”.
A ideia original do projeto tem como base o conceito de dormência em sementes, como “um mecanismo de sobrevivência e perpetuação das espécies, permitindo que sementes de algumas plantas ao se manterem dormentes sobrevivam às adversidades que impediriam seu crescimento – só ocorrendo germinação quando tal restrição for superada”.
Rosana Palazyan destaca que “em cada local a ser instalado, as diferentes histórias trazem novos elementos, o que faz com que cada jardim da série seja inédito”.
“Com a terra coletada no Parque da Catacumba em diferentes pontos, as sementes nela adormecidas irão germinar (sem sabermos que espécies irão surgir), trazendo a ideia de fazer brotar a memória adormecida daquela comunidade que lá vivia”, afirma a artista. “A ideia de que as sementes dormentes sobrevivem às adversidades e esperam o momento certo para germinarem, a água é naturalmente o elemento que irá romper a barreira da casca e despertar o embrião. Junto a outros dois elementos básicos: luz e amor, poderão nos trazer surpresas ao fazer despertar uma diversidade de plantas inesperadas. As sementes adormecidas ali há anos irão se juntar às do presente, trazidas naturalmente pelos pássaros ou nas solas dos calçados de quem visita o Parque, vindas de pontos diferentes da cidade, propondo também, a reflexão sobre diversidade e de como irão viver juntas”.
CORPO COMO MEMÓRIA
No contexto da exposição “Corpo Botânico”, a obra “O jardim Adormecido [da Catacumba]” trará a ideia do corpo como memória. Ao mesmo tempo a reflexão de como viver junto na diversidade. A artista conta que ao pesquisar a história do Parque da Catacumba descobriu que “no final dos anos 1930 ali se deu o início da favela da Catacumba”. “Após dois incêndios no final dos anos 1960, os moradores foram removidos. Algumas famílias foram levadas para Cidade de Deus, Vila Aliança, Nova Holanda, entre outras comunidades. A área foi reflorestada e transformada no Parque”, relata. A primeira fotografia encontrada durante a pesquisa, com mulheres lavando roupas em primeiro plano, “fez pensar na relação do morro com seu entorno na zona sul do Rio de Janeiro”. “Inspirada por esta foto, dois elementos essenciais serão utilizados: a bacia da lavagem das roupas como o jardim suspenso pela lata (d’água)”, explica. Consta que D. Pedro II havia dado aquela área para os escravos livres, mas a documentação se perdeu.
EXPOSIÇÃO CORPO BOTÂNICO
Com curadoria do artista Vicente de Mello, a mostra inaugura a ocupação do Pavilhão Victor Brecheret no Parque da Catacumba, na Lagoa, que passa a abrigar o Arte Clube Jacarandá, plataforma transversal para exposições, reflexões e publicações, que congrega artistas visuais diversos, criado em 2014, sob a sombra da mangueira do ateliê de Carlos Vergara.
A exposição inaugural da nova sede reúne trabalhos de 52 artistas: Aderbal Ashogun, Adriana Varejão, Afonso Tostes, Ana Bia Silva, Ana Kemper, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Antonio Manuel, Arjan Martins, Ayla Tavares, Barrão, Beth Jobim, Brígida Baltar, Cabelo, Carlos Vergara, Daisy Xavier, Deborah Engel, Denilson Baniwa, Everardo Miranda, Fernanda Gomes, Fessal, Gabriela Machado, Getúlio Damado, Herbert De Paz, Jacques Jesion, Joelington Rios, José Bechara, Luiz Zerbini, Luiza Macedo, Lynn Court, Mãe Celina de Xangô, Manauara Clandestina, Marcela Cantuária, Marcos Chaves, Maria Laet, Maria Nepomuceno, Mariana Manhães, Moara Tupinambá, Mulambö, Nathan Braga, Opavivará, OskarMetsavaht, Paulo Vivacqua, Rafael Adorján, Raul Mourão, Rosana Palazyan, Siri, Tadáskía, Victor Arruda, Vitória Taborda, Waltercio Caldas e Xadalu Tupã Jekupé.
Vicente de Mello conta que o ponto de partida da elaboração da exposição “foi a especulação das possibilidades oferecidas pelas iconografias singulares dos artistas, e suas perspectivas e parâmetros visuais em práticas sutis e transparentes da estética da natureza, como algo a ser decifrado por uma lupa que seleciona e reinterpreta dados científicos”. Ele acrescenta que o conjunto das obras dos artistas pode ser chamado de “um gabinete de curiosidades, um pequeno atlas da matéria viva”. “Corpo Botânico é uma mescla de ideias híbridas sobre a botânica, no sentido de um mimetismo orgânico das experiências, que toma a natureza como ponto de partida”, diz. “Os artistas aqui reunidos de certa forma lidam com uma prática de estudo de observação. Seus trabalhos se aproximam de uma propriedade científica que é a criação de documento difusor de informação, mas com suas próprias ficções, onde experimentam suas identidades diante de preciosas coletas, moldagens, combinações, traços, reuniões, interferência e acasos”, afirma.
PROJETO ARQUITETÔNICO DE ZANINI DE ZANINE E PEDRO COIMBRA
Integra a exposição, o projeto arquitetônico de Zanini de Zanine e Pedro Coimbra, para a construção de sua sede Arte Clube Jacarandá, pelos próximos 25 anos, em parceria com a Lagoa Aventuras, concessionária do Parque da Catacumba, gestora do local desde 2009. Até a construção da sede permanente no local, o Arte Clube Jacarandá ocupará com exposições temporárias o Pavilhão Victor Brecheret.
No projeto arquitetônico do novo espaço expositivo permanente do Arte Clube Jacarandá no Parque Natural Municipal da Catacumba a galeria terá paredes móveis. Será uma caixa de vidro, para que sirva a instalações de esculturas temporárias e também como uma capela ecumênica para encontros, meditação e reflexão. Após a construção da sede permanente prevista para 2025, o Pavilhão Victor Brecheret passará a abrigar o Centro de Visitantes do Parque. Até lá, o Jacarandá ocupará este espaço com exposições temporárias. O Arte Clube Jacarandá se encarregará do projeto de restauro das esculturas existentes atualmente, e da instalação de novas obras, ampliando a ideia de um Parque com obras de arte.
Após a ESPM ter comprado a sede do Arte Clube Jacarandá na Villa Aymoré, ela iniciou um programa onde alunos desenvolvem projetos para esses artistas, e o primeiro resultado será o novo site do Jacarandá, que será lançado em “Corpo Botânico”, e a identidade visual da exposição.
MUDAS DE JACARANDÁ
Desde sua criação, o Arte Clube Jacarandá já plantou mais de 1.500 mudas de jacarandá por toda a cidade e arredores do Rio de Janeiro, a partir de uma ideia da artista Fernanda Gomes.
Tainá de Paula, Secretária Municipal de Meio Ambiente e Climada Cidade do Rio de Janeiro, diz que “a chegada do Arte Clube Jacarandá em parceria com a Lagoa Aventuras no Parque Natural Municipal da Catacumba é uma grande vitória para o Rio de Janeiro, em especial para aquela região. Um ponto de cultura e arte em uma Unidade de Conservação no coração da Lagoa Rodrigo de Freitas com acesso para todos os públicos é super importante para nós, enquanto Secretaria”.
Gabriel Werneck, sócio da Lagoa Aventuras, destaca que “a parceria com o Arte Clube Jacarandá para a reocupação do Pavilhão Victor Brecheret com exposições artísticas é um sonho antigo que está virando realidade. O Pavilhão foi construído na década de 1970 para abrigar exposições, e desde que iniciamos as atividades de turismo de aventura no Parque em 2008 o local ficou fechado ou com outros usos. Quando ganhamos a concessão para administrar o Parque todo por 25 anos, no início de 2023, a primeira ação que fizemos foi propor a parceria com o instituto Jacarandá, que inicia com a ocupação do Pavilhão por dois anos, e culmina com a construção de uma sede própria para uso durante toda a concessão. O Pavilhão fica em uma área central do Parque, e passará a abrigar o Centro de Visitantes. Dessa forma manteremos um local dedicado a exposições artísticas no Parque”.
O artista Carlos Vergara ressalta que “embora meu ateliê seja em Santa Teresa, minha residência fica no Corte do Cantagalo, em Copacabana, área que faz fronteira com o Parque da Catacumba. Gosto de observar as aves que ficam ali. Quando veio o convite da Lagoa Aventuras para pensarmos na possibilidade da parceria para os próximos 25 anos, não tivemos dúvidas. A arte sempre teve uma boa conversa com a natureza, e este projeto vem para fortalecer essa ideia. Eu, que vi tanta mudança no ambiente natural da cidade nos últimos 70 anos, estou animado em poder, junto aos meus colegas artistas, apoiar um movimento que afirme a relação da cidade com a arte e a natureza”.
João Vergara, diretor executivo do Arte Clube Jacarandá, salienta que “com a criação deste novo espaço, temos o objetivo estreitar os laços entre o público, a arte e a natureza, proporcionando experiências enriquecedoras e singulares. Nas exposições, encontros, workshops e vivências haverá uma celebração da diversidade artística, propiciando diferentes oportunidades para descoberta e conexão. Este é um convite para celebrarmos juntos a riqueza cultural e natural que marca o Rio de Janeiro”.
SOBRE O ARTE CLUBE JACARANDÁ
À sombra de uma mangueira no ateliê de Carlos Vergara, em Santa Teresa, em uma tarde de 2014, um grupo de artistas visuais amigos decidiu criar uma plataforma transversal, onde se pudesse discutir arte, fazer exposições, criar espaços de reflexão e editar publicações. Rapidamente a ideia ganhou corpo, com um evento na ArtRiodaquele ano, e dali em diante foi uma série de exposições, em diversos locais, e a publicação de oito edições da revista “Jacaranda”, com a participação de artistas, curadores e pesquisadores. O Arte Clube Jacarandá inicialmente ficou sediado em um palacete em Santa Teresa, com obras de Daniel Senise, Carlos Vergara, Adriana Varejão, Fernanda Gomes, Iole de Freitas, Raul Mourão, Antonio Dias (1944-2018) – um ativo participante – Luiz Zerbini, José Bechara, Paulo Vivacqua, José Resende, entre outros. Em 2016, o Jacarandá se instalou na Villa Aymoré, um conjunto histórico de casas, tombado, no bairro do Catete.
Dentre as exposições realizadas, se destacam “Performance Chelpa Ferro” (2015); “Ocupação Mauá”, no Cais do Porto, durante e ArtRio 2015; “Ocupação Leblon” (2015); “Ocupação Miami”, no Fasano Shore Club, durante a Art Basel Miami 2015; “Do Clube para a Praça”, inauguração da sede na Villa Aymoré; “Piauí”, exposição sobre uma residência artística coletiva no Piauí; e “Indelével”, com artistas mulheres, em 2016; “Grid”, com curadoria do Felipe Scovino; performance “Silêncio”, de Lenora de Barros; “Sopa de Pedra”, com curadoria de Daniel Senise, coletiva com artistas e alunos da UFF, e curadoria de Luiz Guilherme Vergara, em 2017; “Cavalo”, do coletivo de artistas Cavalo, em 2018. No mesmo ano, foi feita a exposição “Esqueleto”, que tinha como base a destruição da favela do Esqueleto para a construção da UERJ.
Em 2022, o Jacarandá montou um andar inteiro no hotel Matarazzo Rosewood, em São Paulo, com uma instalação permanente dos artistas Cabelo, Vicente de Mello, Tomás Ribas, Maria Laet, Mariana Manhães, OskarMetsavaht e Arjan Martins. E também foi publicada a revista digital “Jacarandá Arte e Poder”, organizada por curadores, artistas e escritores pretos de várias gerações.
Após desativar sua sede na Villa Aymoré durante a pandemia do Covid-19, o Arte Clube Jacarandá concretiza agora uma nova fase em sua trajetória por meio da criação de um espaço expositivo permanente no Parque da Catacumba, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, com projeto de Zanini de Zanine e Pedro Coimbra, a ser construído em 2024.
SOBRE O PARQUE DA CATACUMBA
Aberto das 6h às 17h, com entrada gratuita, o Parque da Catacumba, passou a ser administrado integralmente pela Lagoa Aventuras em 2023, mas desde 2008 a empresa atua no local com atividades de turismo e aventura que incluem um circuito de arvorismo, tirolesa, muro de escalada e rapel. O Parque é um amplo espaço bucólico com alamedas e praças que abrigam esculturas, mirantes, parquinho infantil, banheiros, bebedouro, bicicletário e fraldário. Um dos principais atrativos é a sua trilha para os Mirantes do Sacopã e Urubu (1.000m de percurso, 30 min aproximadamente).
A história do local remonta ao início do século 20, com a Chácara da Catacumba pertencente à Baronesa da Lagoa Rodrigo de Freitas, que teria deixado em testamento suas terras para seus ex-escravizados, que passaram a ocupá-lo após sua morte. Em 1964, Carlos Lacerda, governador do então Estado da Guanabara, iniciou um processo de desmanche das favelas, removendo seus habitantes para “conjuntos habitacionais” distantes, como Vila Kennedy e Cidade de Deus. Em 1970, na gestão de Negrão Lima, a favela foi removida e o local batizado de “Parque Carlos Lacerda”, em homenagem ao seu antecessor. A inauguração foi em 1979, pelo prefeito do Rio, Marcos Tamoyo. Depois da remoção da favela, o morro passou por um processo de reflorestamento, por um programa de contenção de encostas, ganhou diversas esculturas e um pavilhão para exposições artísticas.
Na década de 1980, o Parque da Catacumba abrigou shows musicais e exposições gratuitos, ao ar livre, tornando-se um ponto importante de arte e cultura. Grandes músicos se apresentaram ali, como Leo Gandelman, Mauro Senise, Ricardo Silveira e Victor Biglione.
Serviço: Inauguração da obra “O Jardim Adormecido [da Catacumba], da artista Rosana Palazyan.
9 de março de 2024, às 11h
Arte Clube Jacarandá – Pavilhão Victor Brecheret – Parque da Catacumba
Corpo Botânico – exposição inaugural da nova sede do Arte Clube Jacarandá
Abertura: 16 de dezembro de 2023, sábado, às 11h
Até: 17 de março de 2024
Entrada gratuita
Av. Epitácio Pessoa, 3.000, Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro
Sábado e domingo: das 11h às 17h
Terça a sexta-feira: visitas às 10he 14h – agendamento pelos telefones: +55. 21. 4105.0079 (WhatsApp) e +55 21 96497-2338 (celular)