De acordo com os organizadores, 20 000 pessoas reuniram-se em frente à Porta de Brandeburgo, em Berlim, apesar do tempo frio e húmido, para uma manifestação nacional sob o lema “Não às guerras – acabem com a loucura das armas – construam um futuro pacífico e justo”.

“Atualmente, o mundo vive sob a ameaça de 21 guerras e de 216 conflitos militares armados. O perigo de a guerra na Ucrânia se transformar numa guerra nuclear, aumenta de dia para dia. Todos os dias morrem pessoas inocentes. Estamos preocupados com o nosso futuro, o futuro dos nossos filhos e netos. Precisamos de uma cultura de paz e de segurança comum.

Em vez de se concentrar na desescalada e na diplomacia, o Governo alemão está a fornecer cada vez mais armas e a armar-se maciçamente. Grandes setores da política e dos meios de comunicação social estão a militarizar a sociedade. Pela primeira vez, a Alemanha irá ultrapassar, em 2024, o objetivo dos 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para a “Defesa” (segundo os critérios da NATO). Com 85,5 mil milhões de euros, as despesas militares serão as maiores desde a fundação da República Federal da Alemanha [e representando cerca de 20% das despesas totais do Estado Federal alemão!].
Em contrapartida, o sistema de saúde, as infraestruturas do país, o apoio às crianças e a rendas de casa acessíveis, a educação e a ciência estão ameaçados por cortes drásticos no financiamento. Uma catástrofe social e económica que se anuncia para um número cada vez maior de pessoas!”

Assim começa o apelo para a manifestação, a que responderam muitas pessoas amantes da paz.

No início da manifestação, os organizadores deixaram claro mais uma vez: “Rejeitamos o racismo, o antissemitismo, o fascismo e todas as formas de misantropia de grupo. É por isso que não há cooperação com o partido AfD e outras forças de extrema-direita. Declarações discriminatórias ou a exibição de símbolos da extrema-direita, não são permitidas nem no comício nem na manifestação. Também não é permitida a exibição de quaisquer bandeiras nacionais. Pedimos também que se abstenham de exibir bandeiras de partidos”.

Os numerosos oradores em frente ao Portão de Brandemburgo incluiram Reiner Braun, co-iniciador e veterano do movimento pacifista, a política Sahra Wagenknecht e a jornalista Gabriele Krone-Schmalz.

“Se Pistorius [o ministro alemão da “Defesa”] conseguir o que quer, nós, alemães, teremos de voltar a dominar a arte da guerra. É isso que ele quer dizer quando exige de nós a capacidade para fazermos a guerra”, explicou Wagenknecht, que também acusou o atual governo de coligação [social-democratas, verdes e liberais] de estar completamente viciado pela guerra: “O que aconteceu à política de paz alemã desde o tempo de Willy Brandt?”, perguntou.

Sobre as barbaridades praticadas pelo Hamas, Wagenknecht diesse: “No dia 7 de Outubro, ficámos todos horrorizados e chocados com os terríveis massacres levados a cabo pelo Hamas islâmico, com o assassínio de civis, mulheres e crianças inocentes. Nada, nenhuma injustiça deste mundo, justifica tais crimes”. A Alemanha tem a responsabilidade de defender o direito de existência de Israel, sem quaisquer “senões”. Mas também não há justificação para apoiar a impiedosa guerra de Israel contra os palestinianos.

O caso de Julian Assange foi um tema em destaque, tanto nos discursos como nos cartazes, o jornalista que contribuiu para o desvendamento de crimes de guerra como nenhum outro. No entanto, os criminosos de guerra estão em liberdade, mas ele está preso há anos! A sua frase “Se uma mentira pode causar uma guerra, a verdade pode levar à paz”  foi vista várias vezes em cartazes no meio da multidão pacífica.

“As pessoas geralmente não querem guerras, por isso têm de ser convencidas por mentiras”, assim citou Wagenknecht a Assange no seu discurso mais uma vez. “A Rússia não é o único país que é mestre na propaganda”, afirmou por sua vez Krone-Schmalz.

“A nossa democracia não está a ser defendida na Ucrânia, tal como não estava a ser defendida no Hindu Kush”, afirmou igualmente Gabriele Krone-Schmalz. A democracia só pode ser defendida dentro das fronteiras nacionais.

 

Fotografias de Vasco Esteves para a PRESSENZA:

Cartaz: “Os ricos fornecem as armas, e os pobres fornecem os cadáveres!”

Cartaz: “Sr. Pistorius, eu não quero estar preparada para a guerra!”

Cartaz: “Contra o fornecimento de armas, contra as sanções, pela Paz! Liberdade de imprensa – Libertem Assange! Não queremos nem tanques nem a OTAN”

Cartaz: “Pelo direito internacional e das Nações (da ONU), e contra contra uma ordem ‘baseada em regras’ (da OTAN)”

Cartazes: “Cessar-fogo imediato! Proibição do fornecimento de armas!”

Bandeira: “Paz”