MÚSICA

Por Renan Simões

 

Existem músicas que adentram os portais de nossa alma de tal forma que atuam como curandeiras, médicas, psicólogas, educadoras físicas e guias religiosas, tudo ao mesmo tempo. São músicas que parecem reverberar em cada célula do nosso corpo, eliminando todo e qualquer traço de desequilíbrio e proporcionando mais fé na humanidade e no futuro. São músicas que nos confortam, que resetam nossa mente, e que nos proporcionam um estado de verdadeira harmonia mental e espiritual.

É desse tipo de música que precisamos para sermos mais gratos, resignados e plenos, mas também firmes em nossos propósitos. É esse o tipo de música que Gimu produziu em Pain, exposed (2011), cuja dor exposta do título carrega em si uma esperança de resolução. O album, com menos de 29 minutos de duração, é dividido em três partes fascinantes, todas com texturas desgastadas pelo tempo. A poética musical de Gimu é estática e profunda, e trilha com bastante originalidade um caminho aberto por William Basinski, grande influência do artista.

Acredito que alguns ouvintes desaprovarão este álbum, por não perceberem muita coisa além de samples breves que se repetem com pouca ou nenhuma alteração. Goste ou não, de uma coisa tenho certeza: se existe algum som na transição entre a vida e a morte, este é por certo parecido com essas faixas.

Gimu, Pain, Exposed, o êxtase musical da dor exposta! Ouça, desfrute, reflita, repasse: https://gimu.bandcamp.com/album/pain-exposed