CINEMA
Por Isidoro B. Guggiana
Longa do diretor gaúcho detalha episódio da diplomacia brasileira que envolveu artistas modernistas contra o nazifascismo em 1944.
“Arte da Diplomacia”, nono longa-metragem de Zeca Brito, terá sua première nacional no 25° Festival do Rio. O filme passa nos dias 9, às 19h, 13, às 16h20min (sessão para convidados), e 15 de outubro, às 14h, dentro da mostra Itinerários Únicos. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil enviou de navio mais de 160 pinturas doadas por 70 artistas modernistas para serem exibidas e leiloadas no Reino Unido. O documentário investiga este gesto de diplomacia cultural que uniu territórios e definiu o papel do país na luta contra o nazifascismo.
Na Londres de 1944, em meio aos bombardeios da guerra, a Arte Moderna brasileira era apresentada ao mundo pela primeira vez. “Tem uma certa provocação ali de mandar para os inimigos da Alemanha justamente o tipo de arte que o próprio Hitler mais detesta”, avalia a pesquisadora Clara Marques, em uma das falas do filme. “Arte da Diplomacia” retrata os meandros deste ato de resistência, que ficou esquecido por décadas, enquanto procura novos significados para a arte moderna brasileira do período.
“O filme investiga o modernismo brasileiro em seu primeiro levante de internacionalização”, avalia Zeca Brito. Antes do Festival do Rio, o longa terá sua primeira exibição mundial na Argentina, no 11º FIDBA – Festival Internacional de Cine Documental de Buenos Aires no dia 7 deste mês, sábado. “Um fascinante episódio em que os artistas e suas obras influenciaram na composição geopolítica, e posicionaram simbolicamente o país na Segunda Guerra Mundial – arte como soft power no combate ao nazifascismo”, conclui.
Partindo da investigação do diplomata Hayle Melim Gadelha, o documentário traz relatos de diferentes críticos e historiadores da arte com gravações em Londres e Rio de Janeiro. Com diferentes versões e perspectivas, participam a crítica de arte brasileira Aracy Amaral e a inglesa Dawn Adès, as historiadoras Glaucea Britto e Anita Leocadia Benário Prestes, além de familiares dos artistas que participaram da exposição em Londres, como a pesquisadora Lisbeth Rebollo e o pintor Luiz Aquila.
“Arte da Diplomacia” é uma produção da Anti Filmes, em coprodução com Boulevard Filmes e Donna Features. Assinam a produção: Celina Torrealba, Frederico Ruas, Letícia Friedrich, Sergio Carpi e Zeca Brito.
Créditos:
Roteiro: Frederico Ruas, Denise Silveira, Jardel Machado Hermes e Zeca Brito
Produção: Celina Torrealba, Frederico Ruas, Letícia Friedrich, Sergio Carpi e Zeca Brito
Coprodução: Boulevard Filmes e Donna Features
Produção executiva: Letícia Friedrich
Direção de Fotografia: Bruno Polidoro
Montagem: Frederico Ruas e Jardel Machado Hermes
Direção de Arte: Leo Lage
Direção de Som: Tiago Bello
Direção Musical: Rita Zart
Pesquisa: Hayle Melim Gadelha e Clara Marques
Sobre Zeca Brito
Zeca Brito é cineasta, atuando como diretor, produtor e roteirista. Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), graduado em Realização Audiovisual pela Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos) e em Poéticas Visuais pela UFRGS. Foi diretor do Instituto Estadual de Cinema do Rio Grande do Sul (2019- 2023). Dirigiu e roteirizou curtas e longas-metragens exibidos e premiados no Brasil e no exterior; “O Guri” (2011), “Glauco do Brasil” (2015), “Em 97 Era Assim” (2017), “A Vida Extra-Ordinaria de Tarso de Castro” (2018), “Grupo de Bagé” (2018), “Legalidade” (2019), “Trinta Povos” (2020) e “Hamlet” (2022).
Filmografia:
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Um Breve Assalto (2009, 12’)
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Aos Pés (2009, 18’)
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O Sabiá (2011, 15’)
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O Guri (2011, 94’)
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Glauco do Brasil (2015, 90’)
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Em 97 Era Assim (2017, 94’)
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A Vida Extra-Ordinária de Tarso de Castro (2018, 90’)
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Grupo de Bagé (2018, 75’)
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Legalidade (2019, 122’)
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Trinta Povos (2020, 78’)
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Hamlet (2022, 87′)
Sobre Anti Filmes
A Anti Filmes é uma empresa gaúcha dedicada à produção e difusão do audiovisual brasileiro, com filmes e séries de documentário e ficção premiados no Brasil e no exterior. Dentre as produções realizadas, destacam-se filmes de Zeca Brito, como “Glauco do Brasil”, “A Vida Extra-ordinária de Tarso de Castro”, “Grupo de Bagé”, “Trinta Povos”, “Hamlet” e obras criadas pelo cineasta Frederico Ruas, como o longa-metragem “TERRAQUEOS – Vestígios de uma Era Digital”, e a série “A Benção”.
Sobre Boulevard Filmes
Boulevard produziu curtas, longas e telefilmes. Dentre eles, se destacam os longas de ficção “Amor, Plástico e Barulho” (Indie Lisboa 2015, Festival de BrasíIia 2014, Mostra SP 2014), “Açúcar” (IFFR- Festival Internacional de Cinema de Rotterdam 2018, Festival do Rio, Mostra SP) e os documentários “Libelu – Abaixo a Ditadura”, de Diógenes Muniz (Melhor Filme Festival É Tudo Verdade 2020)e “A Vida Extra-Ordinária de Tarso de Castro”, de Leo Garcia e Zeca Brito (Festival do Rio e Mostra SP 2017).
Sobre Donna Features
Donna Features nasceu com projetos em busca do feminino em suas dimensões poética, política e resiliente, como nos documentários “The Breeding Shed” (2022) e “O Tempo das Chuvas” e “Voto de Esperança” (em pós-produção). Fundada pela documentarista Celina Torrealba e o produtor Sergio Carpi, a empresa é produtora associada de longas internacionais, entre eles “Wasp Network – Prisioneiros da Guerra Fria” (2019) de Olivier Assayas, e “O Farol” (2018) de Robert Eggers, em coprodução com a A24. Também é realizadora de “Dama da Floresta” em produção.