MÚSICA

Por Renan Simões

 

Quando ainda não haviam se dado conta de que o nome Abóboras Selvagens era bem feio, o Kid Abelha, lançou um dos álbuns mais cativantes da música pop nacional, Seu espião (1984), em meio a uma época bastante árida e desinteressante da música brasileira. O grupo contava com Paula Toller, Bruno Fortunato, George Israel e Leoni, responsáveis pelas composições, algumas das quais em parceria com Beni – baterista em algumas das faixas – e Herbert Viana.

A faixa-título é morna, mas Nada tanto assim, abraça a sonoridade e construção musical dos anos 80 com muita propriedade e sentimento. Em Alice (não me escreva aquela carta de amor), estamos entre a animação juvenil da new wave e algo mais interessante e consistente. A vã animação juvenil chega com tudo em Hoje eu não vou, mas o jogo vira em Fixação e Como eu quero, dois dos melhores momentos do grupo, em sublimes atmosferas. A primeira, com um arranjo de base que poderia ser repetido por muito mais tempo sem incomodar, e a segunda, uma apaixonante declaração musical.

Ele quer me conquistar corta o nosso barato de estar ouvindo obras-primas, mas mantém a qualidade onipresente de expressão do grupo. O disco é finalizado com uma sequência final competente: Por que não eu?, outra solução genial para uma harmonia bastante utilizada pelo grupo; a agradável Homem com uma missão; e Pintura íntima, outro grande sucesso da banda, muito presente no inconsciente coletivo nacional, e que apresenta um diálogo feliz entre o reflexivo e  superficial.

Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens, Seu espião, uma luz na música nacional dos anos 80! Ouça, desfrute, reflita, repasse: