MÚSICA

Por Renan Simões

Krishnanda (1968), de Pedro Santos, é um acontecimento sônico único. Embora os arranjos sejam de Jopa Lins, estes consistiram em transcrições das ideias musicais do próprio Pedro Santos. O texto de apresentação do relançamento, escrito por Kassin, foi realizado a partir de relatos de Helcio Milito, produtor do álbum, e apresenta informações bem valiosas sobre este registro.

A triologia inicial, Ritual negro, Água viva e Um só, é estonteante: as melodias e timbres utilizados, as combinações de universos musicais diversos e o conteúdo das letras encontram-se em um patamar bem além do nosso mundo cotidiano – ou mesmo do nosso mundo real. Mais para o fim do álbum, outro grande destaque é Desengano da vista.  Musicalmente, o discurso perde força em Advertência, Flor de Lotús, Dentro da selva e Arabindú, ainda que o conceito se mantenha impecável.

As divagações de Sem sombra, a contemplação de Savana, o auto-conhecimento assustado de Quem sou eu?, e a leveza de Dual mantêm o registro em alto estilo. Krishnanda é, enfim, uma incrível viagem a um universo distante, embora ainda humano, embalada em uma das capas mais belas que existem, e fundamentada pela Yoga e pela Macrobiótica.

Pedro Santos, Krishnanda, uma perspectiva bem original da música brasileira! Ouça, desfrute, reflita, repasse: