POEMA
Por Valéria Soares
– O que você achou?
– Lindo! Nunca tinha visto igual.
– Sério?
– Sério!
– Por quê?
– Não sei… A transparência talvez.
– Você nunca teve um assim?!
– Claro que não! Eles são raros.
– Raros…
– Raros!
– Sei que existem diferentes, mas não pensei que fossem raros.
– Pois são.
– Você só gostou da transparência?
– Não. Tem esse brilho intenso, ofuscante… Raro.
– Ah! O brilho também é raro?
– É. Muito!
– Começo a achar que são os seus olhos…
– É maravilhoso!
– De verdade?
– De verdade.
– É seu. É pra você.
– Nossa!
– Ficou emocionada?
– Surpresa.
– Não entendi por quê.
– É muito… Muito…
– Não! É perfeito. Sob medida.
– Você acha?
– Só existe por você… É seu.
– Mas… é tão lindo!
– Tanto quanto você.
– Eu não mereço.
– E precisa?
– Não?!
– Ele só existe, só é valioso, só é transparente, porque é seu.
– Aiiii
– Porque você é o encaixe perfeito.
– Meu coração…
– Posso colocar?
– Pode.
– Vamos?
– Aonde?
– Ao baile.
– Que baile? Tá maluco?
– Você não está ouvindo?
– Ouvindo quê?
– A carruagem! Olha!
– Você é maluco!
– Seja também!
– Onde vai ser o baile?
– Onde quisermos. Onde estivermos.
– O que vestirei?
– Vestiremos o amor e estaremos nus.
– Nus.
– Sim. Vestidos do amor mais perfeito e valioso, que só nós podemos ver.
– Nus e descalços.
– Sob chuva ou sol.
– Sem proteção.
– Meu amor te protege e o seu me orienta.
– Feito por você. Feito pra você.
– Feito por você. Feito pra você.
-. Sem sapatinhos de cristal.