MÚSICA

Por Renan Simões

 

Beto Guedes pode até não ter a melhor voz do mundo, mas esta combina perfeitamente com a sua música. Sonho, nostalgia, eternidade, liberdade, fragilidade e amor: sua interpretação e música conseguem emular a mistura desses elementos com bastante perspicácia. Ademais, a linguagem musical do Clube da Esquina, tão presente no registro, é pura fantasia e magnificência.

Sol de primavera, de 1979, terceiro álbum do artista, conta com a presença de Wagner Tiso (como instrumentista, orquestrador e regente), do baterista Robertinho Silva e dos baixistas Jamil Joanes e Luiz Alves, além de outros grandes músicos e participações pontuais de Milton Nascimento, Toninho Horta e Tavinho Moura. A fantasia já se faz presente na homônima faixa de abertura, com letra de Ronaldo Bastos, e encontra-se altamente refinada em Como nunca, de Luiz Guedes, Murilo Antunes e Thomas Roth.

Destacamos, com ênfase, Cruzada, de Márcio Borges e Tavinho Moura, e Pedras rolando, outra parceria de Guedes com Ronaldo Bastos. A viagem musical atinge seus limites nas instrumentais Rio Doce e Monte azul, e no longo e espontâneo cover de Norwegian wood (this bird has flown), dos Beatles. Os pontos fracos ficam por conta de Roupa nova e Casinha de palha; esta última, do pai do artista, não deixa de ser uma belíssima homenagem, mas soa fraca no contexto.

Beto Guedes, Sol de primavera, expressões oníricas em som! Ouça, desfrute, reflita, repasse: