A Cabília é habitada por um povo pacífico que busca se libertar de todas as formas de colonialismo. Sua luta por autonomia não faz uso da violência com o intuito de construir uma nação moderna e livre.
Os ativistas cabilas estão diariamente sujeitos a detenções arbitrárias. Sua liberdade de circulação é restringida, e os militantes são forçados a viver na clandestinidade e no exílio. Cristãos cabilas também são perseguidos e têm suas igrejas fechadas.
O povo cabila deseja que as ONGs focadas em direitos humanos levem em conta seus objetivos políticos e os apoiem no desenvolvimento progressivo de suas instituições políticas livres, de acordo com as circunstâncias peculiares dos territórios cabilas. Todos esses pedidos seguem a Carta das Nações Unidas¹.
A tática da terra arrasada – colossal, bastante destrutiva e mortífera – ainda acontece durante os verões da Cabília. O terrível aumento dos incêndios florestais que, em agosto de 2021, destruíram centenas de hectares em poucos dias, foi responsável pela morte e pânico nas vilas da região.
Levando em conta o contexto político argelino, o núcleo do problema, nem todos os fogos foram combatidos na Cabília: alguns foram registrados com a sigla “INA”, que indica “intervenção não-autorizada”.
A identificação das causas imediatas não deve pesar muito devido a fatores subjacentes, como os problemas políticos. Ainda que seja perto de Argel, a Cabília é, na verdade, a única região onde a cultura berbere e, principalmente, a língua cabila foram preservadas, mesmo com as políticas de arabização e islamização conduzida pelo governo desde a independência da Argélia, em 1962. Contudo, sem esquecer dos abusos, usurpação e destruição dos valores cabilas.
Com base na Resolução 1514, da ONU, adotada em dezembro de 1960 de forma unânime, o povo de Cabília possui o direito legítimo de afirmar sua autodeterminação, de escolher seu status político e de se libertar de qualquer dominação forçada.
¹ N do T: A Carta das Nações Unidas pode ser acessada na íntegra aqui.
Traduzido do inglês por Ana Raquel Romeu / Revisado por André Zambolli