LITERATURA
Por Sabine Mendes Moura
O coletivo paulista reúne três gerações de mulheres na literatura e no ativismo
São oito mulheres negras, vindo de partes diferentes de São Paulo. Nova Cachoeirinha, Monte Kemel, Paraíso, Bela Vista, Mooca, Caieiras, com paradas em Campanela e São Bernardo do Campo. Encontraram-se pela primeira vez no lançamento da Coletânea Cadernos Negros e decidiram criar seu próprio coletivo de escrita.
Assim, nasceu o Flores de Baobá, que completará três anos em dezembro, resistindo à crise política do país e ao distanciamento social imposto pela Covid-19. O coletivo reúne três gerações de mulheres, que compartilham escritos e propõem estratégias de desenvolvimento para autorias negras femininas.
“Não aceitamos entradas nem saídas de pessoas”, brinca Joice Aziza, professora de 42 anos, em depoimento à Pressenza. “Além do trabalho com literatura, temos a questão do ativismo de rua, em que cada uma segue uma vertente diferente”. A movimentação tem gerado publicações individuais, divulgadas pelo grupo em suas redes.
Em outubro deste ano, celebraram o lançamento de porções para se acordar presente, primeiro livro solo de Benedita Lopes, professora e pesquisadora de 64 anos, e participaram da coletânea Parto Normal. As obras foram publicadas pelo selo Dandara da Editora FEMINAs. Também este ano, saiu Notícias da Incerteza, de Catita, professora de 48 anos, pela Desconcertos Editora.
Vale dizer que 2021 apenas não dá conta de sua diversificada produção. Em 2019, Catita publicou Morada e, no ano passado, Samira Calais, jornalista de 33 anos, lançou Cenas da Pandemia, obras que também saíram pela FEMINAs. Além disso, as autoras têm o projeto futuro de transformar as escritas que produzem conjuntamente em um livro. Prometem mais informações sobre isso em breve.
“Nossa construção, como escritoras negras, vem de como a escrita nos impacta positivamente”, conta Marli Aguiar, professora de 52 anos. “Temos o projeto Irrigando Sementes em que lemos e trocamos nossos textos, o que nos fortalece, e referências nas autoras negras que nos antecederam.”
“Temos a alegria de sermos amigas de fato”, diz Claudia Walleska, enfermeira de 41 anos. “Nosso coletivo é um espaço interno de cura para além da escrita, com o afeto e o respeito de nos vermos plurais e aceitarmos isso. Aceitamos umas às outras com defeitos e qualidades. ”
Para se informar sobre lançamentos e apoiar o Flores de Baobá, acompanhe o perfil do coletivo no Instagram e aproveite para seguir as autoras: