POEMA

Por C. Alfredo Soares

 

Meus pés estão aqui

Mas a minha cabeça nas nuvens

Aproveito pra ver ao fundo

um horizonte de possibilidades a se descortinar

Suas curvas de possibilidades e suas imbecibilidades

Seu perfume e seu odor

Suas cores e seus tons de chumbo

Mas minha cabeça está além disso

Posso contar quantos carneirinhos tem nas nuvens

Ver que são de verdade

Algo teima em me puxar pra baixo

Como um imã que não solicitei

Prefiro as possibilidades a dura realidade

Prefiro o gozo ao esporro

Aqui de cima sei a direção do vento

Se vai chover ou fazer sol

Posso ver quem está na janelinha do avião

Um pássaro passa e me dá bom dia

Consegui entender o que dizia

 

Ele diz:

– Venha viver

O medo é um detalhe

Solte a mente e voe

O tempo passa mais rápido do que qualquer sentimento