SEGUNDA-ENCRUZA

 

 

 

Por Dândi-À-Deriva

 

 

Primavera, era…

O Muro, duro, ainda estava…

Na pele daquele Ser, Ele.

Sem capa.

Sem armas.

Sem medo algum.

Até ali, poderiam chamá-lo “qualquer”. Aquele homem “super-comum” encarou os tanques. Sem aparentes grandes poderes, declarou Guerra, em plena Praça da Paz Celestial (“Tianammen Square”).

Passados oito anos, do nosso primeiro “Junho Rueiro” (2021-2013), me pego, amiúde, pensando no efeito anárquico de uma pessoa no meio da rua.

Até mesmo um trágico atropelamento é um ato político. A disputa da rua com os automóveis, com as bicicletas, com os tais patinetes… Enfim, qualquer espaço na rua é valiosa matéria-prima do poder.

Aparentemente, numa era de “Ditatística” (“a ditadura dos números”), somente os grandes números importam.

Assim, só os “Trending Topics” parecem significar algo.

Nesse universo daquilo que nomeio “Direito das Manifestações”, numa disputa infantil de “Egos”, não me impressionam (apenas) as multidões.

Sempre me causou abismo a diferença da percepção entre as mobilizações “políticas” (as passeatas, as manifestações, os protestos…) e os movimentos “festivos” e “populares” (do carnaval, ao futebol, uma infinitude de interessantes ativações do capital cívico de um povo).

Nesta Segunda-Encruza, há exatos 32 anos e 3 dias, em 04 de junho de 1989, o “Exército-De-Um-Homem-Só” fez uma das maiores mobilizações de que se tem notícia, desde a Segunda Grande Guerra.

Aquele rapaz, na China, não era o mesmo 1 milhão que caminhou até Washington…

Não. Ali, se viu algo maior.

Foi quando o “anônimo” assumiu o nome de tudo o que transcende.

Aquele “um” foi inteiro.

Pleno de coragem, o nosso “Soldado Romano Anônimo” nos deu um Exemplo.

Como está nas Escrituras… “Não olhei o número de manifestantes, mas a Cidadania que anima a nossa luta”.

A imagem que ilustra a coluna de Hoje (7 de junho de 2021) também guarda conexão com junho de 2013. Naquele ano, uma paródia com a foto icônica da “Tiananmen Square” viralizou. Em vez dos tanques, grandes patos de borracha ironizavam os então 27 anos daquela repressão política.

“Tinha um grande pato de borracha

No meio do protesto.

No meio do caminho?

Um estudante a protestar!”

O “meme” acabou censurado pelas autoridades chinesas. Toda e qualquer busca por “Grande Pato de Borracha” era inviabilizada.

Ambos os incidentes são típicos grandes recibos de que as lutas pelas liberdades de protesto e de expressão não devem ser esquecidas jamais. A luta, Querida Leitora, Querido Leitor e Queride que Lê, continua, continua e continua!

Ontem, Hoje e Amanhã, querido “cidadão anônimo”, Você nos representou! À Nossa Humanidade Poderosa!