CONTO

 

 

Por Luzia Machado

 

 

Hoje eu sei que não é com todo mundo que as despedidas são mais longas. Que a saudade bate mais rápido. Que um “to indo praí” trás tanta felicidade. Que uma conversa dá tanto alívio. Que um beijo encaixa tão fácil. Que um abraço é tão confortável.

Sim, hoje eu sinto que é melhor estar com você em qualquer lugar, do que estar nos melhores lugares com qualquer outra pessoa.

E não se engane, não é uma pessoa apaixonada falando. É uma pessoa que ama. Amar é muito bom. Você sente aquela ardência no peito o frio na barriga… mesmo quando no meio disso tudo a garganta aperta engolindo o choro, o amor continua sendo bom, mas dói. Confuso.

Eu me afastei, sim. Ficar aqueles dias sem te ver foi o certo. Eu fui egoista em querer matar minha saudade e acabei me machucando mais. Eu devia ter ido sem olhar para trás (como de costume, aliás). É esse mesmo egoísmo que, por mais que eu queira te ver feliz, não me deixa bem de imaginar você com outra pessoa.

E será que suas despedidas vão ser tão longas? Será a saudade vai chegar tão rápido? Que vai ficar tão feliz com aquele “to indo praí? Que as conversas vão ser tão boas? Que você vai se encaixar tão fácil em outro beijo? Que em outro abraço você vai se sentir tão em casa?

Eu espero que sim, mas por enquanto, eu admito, não quero saber. E nesse limbo de te amar e ter que esquecer, é melhor parar de te ver.

Será que essa mágoa é por tudo que aconteceu agora, ou ela se acumulou desde que eu fui embora?