DICA DE LIVRO
A dica de leitura dessa semana, fica por conta do Livro “Autodefesa” da filósofa Elsa Dorlin que contou com a tradução de Jamille Pinheiro Dias, Raquel Camargo e com prefácio de Judith Butler, publicado pela UBU Editora e co-editado pela Crocodilo.
O livro de Elsa Dorlin é um tour de force. Proponho que as leitoras e leitores se detenham por um momento sobre o significado dessa expressão. “Tour de force”, em francês, designa obra-prima, proeza, e também é uma metáfora militar que sugere uma demonstração de força particularmente admirável durante um combate. Pode ser estranho pensar em um livro como “uma demonstração de força” desse tipo, mas talvez ele nos convoque a vislumbrar outro tipo de força e a compreender a obra como um tipo diferente de façanha. Trata-se, afinal, de uma meditação prolongada sobre o que chamamos violência, força e autodefesa. Ele nos conclama a reconsiderar o conceito de autodefesa consolidado ao longo do tempo em discussões sobre formas legítimas e ilegítimas de violência. Ainda que se possa considerar a autodefesa uma forma legítima de violência – como Dorlin também está disposta a fazer –, é preciso parar para refletir sobre uma questão central: quem tem o direito de invocar a autodefesa?
[trecho do prefácio escrito por Judith Butler]
Resumo
A filósofa francesa faz uma genealogia das formas de autodefesa em distintos contextos de dominação. A autora remonta à resistência de escravizados durante o período colonial, ao jiu-jítsu das sufragistas em Londres nos anos 1890, aos Panteras Negras nos anos 1960 e às patrulhas queer nos 1970, ambos nos Estados Unidos. Dorlin mostra como ao longo da história a “legítima defesa” foi sempre uma garantia das classes dominantes, mas não das populações racializadas e subordinadas. A autodefesa define as técnicas desenvolvidas por populações minoritárias para resistir à violência da sociedade e do Estado.
Aproveite e boa leitura!