O aquecimento global está devastando florestas em todo o mundo.

De acordo com uma matéria publicada em abril de 2020 pela Inside Climate News (uma organização de notícias sem fins lucrativos), novos estudos mostram que a seca e as ondas de calor causarão grande mortandade, matando a maioria das árvores vivas atualmente.

Bill Anderegg, um pesquisador florestal da Universidade de Utah, afirma que o aquecimento global empurrou muitas das florestas do mundo para a beira da extinção… no ocidente, você não pode dirigir em uma estrada montanhosa sem deixar de perceber como o aquecimento global afeta as florestas.

Semelhante aos corais e recifes, as árvores têm crescimento lento e vida longa, mas não podem se mover facilmente para escapar do aquecimento emergente e veloz. Lamentavelmente, ambos os sistemas têm limites de danos inflexíveis. Os corais experimentaram um ponto de inflexão entre 2014 e 2016 com o recorde de calor das águas do oceano, uma vez que os recifes em todo o mundo branquearam e morreram em números sem precedentes.

A Grande Barreira de Corais sofreu seu pior branqueamento já registrado no mês de fevereiro de 2020, devido às extremas temperaturas do oceano desde o início das medições em 1900. É o aquecimento global em ação, trabalhando em larga escala. Não apenas isso, mas considere o fato notório de que o maior organismo vivo do mundo foi atingido por três branqueamentos devastadores em apenas cinco anos. Este ano, pela primeira vez na história, o branqueamento severo, que mata os corais imediatamente, atingiu todas as três regiões principais do famoso recife. Os cientistas ficaram espantados.

Não havia nenhuma previsão do desastre do branqueamento de corais (que grande surpresa!), ninguém está prevendo um desastre semelhante para as florestas, mas já está acontecendo bem debaixo do nariz de todos nós. Ele está aqui agora!

As sequoias gigantes, a Avó das árvores do mundo, estão “estilhaçadas no chão”. Isso nunca foi documentado. “Nunca observamos isso antes”, diz Christy Brigham, chefe de gerenciamento de recursos para parques, (Fonte: Craig Welch, Maiores e mais antigas árvores do mundo estão morrendo, deixando as florestas mais jovens, National Geographic, 28 de maio de 2020)

A perda das Sequoias Gigantes é apenas um exemplo de uma tendência mundial preocupante. “As árvores nas florestas estão morrendo em quantidades cada vez maiores – especialmente as árvores grandes e mais velhas.”

Nate McDowell, geólogo no Laboratório Nacional do Noroeste do Pacífico (Pacific Northwest National Laboratory) do Departamento de Energia dos EUA e principal autor de um importante estudo mundial afirma que estamos vendo isso em quase todos os lugares que observamos. (Nate G. McDowell, et al, Pervasive Shifts in Forest Dynamics in a Changing World, Science, Vol. 268, Issue 6494, 29 de maio de 2020)

Os números são impressionantes. De 1900 a 2015, o mundo perdeu mais de um terço de suas florestas antigas. Desde então, os números estão acelerando o suficiente para um chamado de urgência.

A maioria das causas são antropogênicas, ou seja, extração de madeira e desmatamento, além do maior impacto das emissões de combustíveis fósseis, que trazem o aumento das temperaturas globais, ampliando significativamente a taxa de mortalidade, à medida que as secas se estendem por mais tempo e são mais severas. Com isso, as lascas de madeira se tornam extremamente frágeis, podendo levar a enormes incêndios florestais. O resultado é um mundo em chamas como nunca visto antes. Árvores mortas queimam com mais facilidade.

“Você não precisa procurar por árvores mortas … elas estão por toda parte”, alega Henrik Hartmann, do Instituto Max Planck de Biogeoquímica da Alemanha, na Europa Central.

No norte da Europa, por exemplo, uma semana de calor extremo resultou na queda de folhas de centenas de milhares de faias. As árvores não conseguiram lidar com o calor.

No sudoeste dos Estados Unidos, as condições emergentes da grande seca já enfraqueceram e mataram centenas de milhões de árvores, incluindo os pinheiros da Rocky Mountain (Montanha Rochosa), bem como os pandos.

Acontece que o grande número de mortes de árvores se tornou realidade para todo o mundo. Zimbros africanos e acácias estão morrendo. A majestosa floresta Amazônica está lutando sob severas condições de seca excessiva e sobrecarregada por dezenas de milhares de incêndios gerados pelo homem que minam todo o ecossistema. Os zimbros estão diminuindo rapidamente no Oriente Médio. Na Espanha e na Grécia, os carvalhos estão murchando devido ao intenso aquecimento global. Na Sibéria, devido às condições de calor excessivo, grandes incêndios florestais eclodiram como em uma explosão eficaz de uma caixa de pólvora. Antigos baobás africanos, alguns deles crescendo por 2.000 anos, começaram a enfraquecer ou morrer de uma vez, pois seus ecossistemas sofrem com o aquecimento global.

A integridade das árvores é comprometida pelo calor excessivo, que não apenas as mata completamente, mas também as torna mais vulneráveis aos insetos que penetram em seus troncos, especialmente porque as temperaturas normais do inverno aumentam muito cedo durante a estação. Enquanto isso, os negacionistas da alteração climática teorizam que os níveis crescentes de CO2 são um indicador positivo capazes de aumentar o crescimento de árvores e da flora. Eles estão completamente errados. É mais uma posição desonesta tomada por políticos de direita.

Níveis crescentes de CO2 cobrem a atmosfera, retendo assim mais calor. À medida que o planeta fica cada vez mais quente, a atmosfera absorve níveis excessivos de umidade, fazendo com que as folhas das árvores caiam e/ou fechem os poros para reter o máximo de umidade possível, reduzindo assim a captação de CO2. É um ciclo vicioso que reverte o ciclo de absorção de carbono, no qual é a chave para manter toda a vida no planeta.

Ainda mais chocante, ao longo do caminho, as árvores morrem imediatamente. O aumento dos níveis de emissões de CO2 dos combustíveis fósseis não traz nenhum benefício. É ruim, é perigoso e é um assassino. “Pare as emissões de CO2 dos combustíveis fósseis ou morra” deve ser o lema de campanhas políticas ambientalmente responsáveis. Porém, isso é um sonho sem o financiamento suficiente para sustentá-lo.

A ecologista florestal Diana Six (Universidade de Montana) sempre foi cética em relação às alegações dos efeitos benéficos proporcionados pelos níveis excessivos de CO2 que desencadeiam a fotossíntese nas plantas: “Sempre fiquei surpresa com as hipóteses iniciais no aumento do crescimento das florestas, especialmente no Ocidente. Muitos dos modelos incluíram apenas temperaturas mais quentes ou efeitos de CO2 mais elevados. As projeções foram feitas principalmente por economistas que presumiram que apenas as temperaturas e o CO2 afetam o crescimento das árvores … ninguém pensava em considerar a água. Com temperaturas mais quentes e uma estação de cultivo mais longa, vem uma maior demanda por água, e na maioria dos casos estamos obtendo menos e não mais. Isso deveria ter sido uma grande bandeira vermelha”.

Em uma última análise, “as florestas são nossa última e melhor defesa natural contra o aquecimento global. Sem as árvores do mundo, no auge de sua condição física, nós não temos chances.” (Fonte: Eric Holthaus, Up in Smoke, Grist, 8 de março de 2018)

A mensagem por trás da marcha mortal inconsequente é simples: Pare as emissões de combustíveis fósseis!


Traduzido do inglês por Larissa Dufner Lage | Revisado por Isabela Gonçalves