Diálogo continua entre metroviários e tribunais com o apoio do Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Quanto ao alinhamento do tipo de greve de metroviários e trabalhadores do transporte público com o que se faz no restante da América Latina (senão do Mundo) de liberar as catracas para passageiros, a resposta foi que “o Metrô faz a operação por meio da venda dos bilhetes. Se estamos negociando melhores condições salariais, é um contra senso perder a reiceita”, segundo o presidente da companhia Luiz Antonio de Carvalho Pacheco.
Ora, e no caso de paralização, existe receita? Essa afirmação foi ressaltada pelo próprio Sindicato. “São hipócritas quando dizem que estão preocupados com a população, querem retirar direitos dos trabalhadores porque governam para as elites”.
Simples. Se paraliza-se o transporte público, enfezam-se os trabalhadores, as empresas e a população em geral. E reagem contra quem está à frente, em contato direto com a população, e não à origem do problema e quem os colocou na necessidade de uma greve.
Como se faz, então? Aprendamos com nossos irmãos.
Em 2012, Argentina liberava as catracas de Buenos Aires, em protesto contra o ajuste salarial. Em 2013, reclamaram a implementação de melhores medidas de segurança contra assaltos, e outra vez em apoio a uma marcha em repúdio à repressão do Estado ao hospital Borda.
No México, em Dezembro do ano passado e Janeiro deste ano, as catracas estavam livres na capital Distrito Federal. Com a pauta de apoio à ação de 18 de Janeiro da Marcha em Fedesa de México para uma mobilização geral com artistas, intelectuais e jornalistas. Contra a criminalização dos protestos no México. Contra a reforma energética no país.
Assim, os trabalhadores continuam a trabalhar, as empresas continuam funcionando. Aquele que necessita de um hospital terá seu transporte, a rotina do povo não pára.
Se isso não é medida preocupada com a população, o que é? A pressão para a paralização do metrô, subterfúgio que colocará o povo contra povo?
Agora vamos analizar brevemente sobre a tal receita que faz a operação do metrô.
De acordo com matéria de capa do Jornal Estação, os “Ganhos de diretores e conselheiros do Metrô cresceram 10 vezes em um ano (…)” somando “ganhos de R$ 22,4 milhões” contra R$ 2,1 milhões no ano anterior. (Dado encomendado pelo Jornal Estação à Austin Rating, agência classificadora de risco de crédito)
Enquanto isso, a CPI mista dos Metrô de São Paulo e Distrito Federal tem resistência do congresso, sendo ainda chamada de contra-resposta à CPI da Petrobrás, que ataca diretamente a oposição. “Qualquer CPI em andamento no Congresso esse será, necessariamente, contaminada com interesses eleitorais”, de acordo com Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Enquanto partidos políticos brigam entre si, ainda tem tempo de pensar em artifícios para colocar o povo contra o povo, para que tenham paz de fazer suas sujas articulações, e possam seguir na contaminação partidária de todas as informações que difundem para conseguir votos.
Ora, em ano de eleição, é grave reclamar seus direitos? Enquanto uns seguram seus dossiês da Petrobrás e da Alstom e Metrôs para soltar em ano de eleição, justamente pela inflamação de polêmicas, seria injusto, agora, a população usar o mesmo embalo para reclamar, de forma justa e genuína, por si mesmos, com ou sem sindicato, reclamar seus direitos?
Enquanto muitos de nós não sabemos das formas de protestos da América Latina e do mundo, o governo e os “representantes” do povo sabem, e muito bem, dessas formas. E por isso têm tanto medo que se implemente aqui a gramática da multidão e formas de resistência e de luta que deram tão certo nos países que tanto lutaram por seus direitos.
“Se o Metrô parar, a culpa é do governador”, indica o Sindicato de Metroviários de São Paulo.