O presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, e o líder da oposição no país, Riek Mashar, assinaram hoje (9) um acordo de cessar-fogo para buscar uma saída negociada para o conflito que aflige o país. O documento, assinado na capital da Etiópia, Adis Abeba, foi firmado perante os meios de comunicação no país.
Foi o primeiro encontro entre o presidente e o líder opositor desde dezembro do ano passado, quando o conflito foi iniciado, após uma tentativa de golpe de Estado orquestrado por Mashar. Desde então, mais de mil pessoas morreram.
Além do conflito entre governo e rebeldes, o Sudão do Sul foi palco de massacres étnicos que afetaram especialmente a população mais jovem no país, que conquistou a independência do Sudão em 2011.
A missão da Organização das Nações Unidas (ONU) advertiu reiteradas vezes que os combates deixaram uma grande quantidade de refugiados internos. Também há denúncias de violações de direitos humanos, nos mais de quatro meses de conflito e ataques étnicos.
Apesar da assinatura do acordo, a situação no país ainda é delicada. A alta comissariada da Organização das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, disse hoje que os atos cometidos no Sudão do Sul poderiam anteceder um genocídio no país, de maneira semelhante ao ocorrido em Ruanda, em 1994. Pillay presidiu o Tribunal Internacional Penal para Ruanda.
“O ódio com que os meios de comunicação, como as rádios, fazem chamamentos para violentar mulheres de um grupo étnico específico, os ataques contra civis, hospitais, igrejas, mesquitas e contra gente albergada em abrigos da ONU (…) tudo isso suscita a violência em função do pertencimento a determinada etnia”, declarou.