Em Davos, recado do Nobel de Economia: “não é razoável” supor que o governo Fernández sufocará população para pagar juros. Vem aí nova moratória? Detalhe: o novo ministro das Finanças é pupilo de quem fez o alerta…

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Já em seus primeiros dias, o novo governo argentino, formando por Alberto e Cristina Fernández, sinalizou cautelosa firmeza. Começou, pouco a pouco, a reduzir os juros internos. Rechaçou novas privatizações. Decretou ligeiro aumento de salários, que, por ser um valor mensal único, pago igualmente a todos os trabalhadores, beneficiou em especial os que ganham menos. Mas segue sem resposta a questão principal: como a Casa Rosada lidará com a dívida externa? Ela agigantou-se no governo Macri, levou o país a um acordo opressivo com o FMI e mantém-se como obstáculo a qualquer tipo de novo projeto.

Entrevistado segunda-feira em Davos, às vésperas do Fórum Econômico Mundial, o Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, fez uma aposta. Dirigindo-se aos banqueiros credores da Argentina, advertiu-os: preparem-se para perdas, “vai haver reduções”, disse ele. “Não posso conceber nenhum modelo razoável de cortes significativos [no estoque da dívida]. Seria fantasia pensar de outra forma”. O Prêmio Nobel foi além: “Os credores sabiam do risco: foi por isso que cobraram spreads altos. Não estão sendo enganados. Provavelmente não fizeram a lição de casa, mas sabiam que corriam perigo.”

As palavras de Stiglitz têm peso especial na Argentina. Além de acompanhar de perto os grandes temas econômicos do mundo, ele é o orientador do novo ministro das Finanças, Martin Guzman, com quem divide autoria de diversos trabalhos teóricos e acadêmicos.

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