NOTA PRETA

Por Mauro Viana

A professora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio, Ivana Bentes acompanhou a vivência das pessoas graduandas da Eco nesta segunda-feira, na oficina Ninja na Avenida, quadra da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, no bairro de São Cristóvão no Rio de Janeiro.

A renomada docente não esteve na quadra Tuiuti para lecionar. Na verdade, ela performou como ouvinte nas aulas práticas de jovens militantes da comunicação livre, alternativa e independente. Lorrana Penna mostrou o caminho das pedras para furar a “bolha” do mercado mobile. Ela compartilhou, com mais de 100 estudantes de comunicação, suas estratégias para ingressar neste nicho de mercado.

Gian Lopes da Motta Martins, Coordenador em Áudio Visual da Mídia Ninja, (mineiro de Juiz de Fora) discorreu sobre a evolução tecnológica dos dispositivos digitais. Ele lembrou que, em 2013, durante as manifestações de junho, por exemplo, “lançamos mão de um aplicativo japonês para transmitir os protestos. Na época, uma grande novidade”.

Dríade Aguiar e Alessandra Santos traduziram o o ano de 2013 “como o ano em que a Mídia Ninja fez história” ao furar as grandes corporações do audiovisual, nas transmissões, em tempo real, da movimentação política de rua, junho daquele ano. Lorrane, Jean, Dríade e Alessandra são jornalistas digitais forjados na guerra pela implosão do monopólio da Comunicação em nosso país.

De fato, a combinação de militância política e domínio tecnológico (que alicerçam a organização conhecida como Mídia Ninja) produziu uma metodologia mais alinhada às histórias dos povos pretos, inventores das Escolas de Samba, enquanto tecnologia política – do que aos cânones da própria Academia. Afinal, no Brasil as universidades públicas surgiram para atender aos caprichos da classe dominante.