Cresce repúdio à conclusão de Angra 3
Enquanto o setor nuclear vive a mais grave crise da sua história, em Nota Pública o Movimento Baía Viva exige do governo Lula
imediata revisão do Plano de Emergência e Evacuação das Angras 1 e 2.
Amanhã pode ser o “Dia D” de Angra 3. A expressão remete ao início da derrota dos nazistas na França, na Segunda Guerra Mundial. Está prevista mais uma reunião do Conselho Nacional de Política Energética para definir o duvidoso futuro dessa usina. Com o governo dividido o placar é incerto. Na última semana, dezenas de entidades reunidas no Seminário Nacional do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental (FMCJS) aprovaram, por unanimidade, uma Moção de Apoio ao Manifesto “TRANSFORMAÇÃO ECOLÓGICA DO NOVO BRASIL, SEM ANGRA 3!” levado ao presidente Lula. Com assinaturas de cerca de 500 entidades e personalidades, o documento informa porquê a sociedade brasileira repudia a expansão do uso da tecnologia atômica para produzir energia e reivindica a não conclusão de Angra 3.
O evento do FMCJS analisou os efeitos da crise climática sobre os sete biomas brasileiros e aprovou o programa de ação para este ano. Atividades nucleares ocorrem em vários biomas, sendo que a extração do urânio, matéria-prima da energia nuclear, na região de Caetité, produz efeitos devastadores no cerrado do semiárido baiano.
A Nota Pública do Baía Viva aponta a profunda crise sistêmica do programa nuclear brasileiro e denuncia sucessivos problemas operacionais ocorridos nos últimos anos, que atemorizam trabalhadores e técnicos quanto à sua segurança. A nota pede imediata revisão do Plano de Emergência e Evacuação das Angras 1 e 2, que exclui comunidades indígenas, quilombolas, caiçaras e pescadores. Alerta ainda que o depósito de lixo atômico está esgotado e que prejuízos provocados pela crise climática vêm se intensificando no litoral fluminense, sede das usinas.
Abaixo reproduzimos a íntegra desses documentos.
Moção de Apoio ao Manifesto “TRANSFORMAÇÃO ECOLÓGICA DO NOVO BRASIL, SEM ANGRA 3!”
O manifesto da Articulação Antinuclear Brasileira, enviado em janeiro/2025 ao presidente Lula, foi subscrito por cerca de 500 entidades, cientistas do clima, militantes socioambientais e outras personalidades, inclusive três ex-ministros do meio ambiente, relacionando os motivos porque a sociedade brasileira repudia a expansão do uso da tecnologia nuclear para a produção de energia atômica no Brasil e reivindicando a não conclusão de Angra 3.
No fim do ano passado, o governo lançou em Paris, no Simpósio do Banco Mundial em que se debateu o papel das finanças na transição ecológica global, o “Novo Brasil – Plano de Transformação Ecológica”, em que promete uma política ambiental preventiva para responder aos desafios do colapso climático e afirma que vai “gerar emprego e renda, promover a transição climática e ambiental justa e reduzir as desigualdades sociais”.
Entendemos que a Transformação Ecológica só será alcançada com a implementação de uma adequada Política Nacional sobre Mudança do Clima, em sintonia com as Políticas de Educação Ambiental e de verdadeira Transição Energética. Assim, é imperativo priorizar, nas diretrizes governamentais, o debate sobre as fontes renováveis de energia, os direitos humanos e da natureza e, em especial, a participação popular na definição das políticas públicas.