Somente a cidade de Nova York tem a mesma quantidade de pessoas sem-teto que todo o estado de São Paulo
Os dados, por si só alarmantes, são ainda mais preocupantes no inverno, quando em algumas regiões do país pode nevar e a temperatura ficar abaixo de -30 ºC.
Nova York, por exemplo, tem uma temperatura média de 4,2 ºC na época mais fria do ano, com mínimas que podem variar de -2 ºC a -20 ºC. Lá, a maior cidade dos EUA, 100 mil pessoas não têm onde morar.
A medida escolhida por governos de diferentes localidades, incluindo NY, Boston e Chicago, é oferecer a esses cidadãos abrigos, estações e bibliotecas para que se protejam nos dias mais frios.
Segundo Stephen Metraux, especialista em Políticas Públicas e professor da Universidade de Delaware, a saída é paliativa e não resolve o problema a longo prazo: “São medidas efetivas para não deixar que as pessoas congelem até a morte. No entanto, esse é um dos muitos problemas que pessoas sem-teto enfrentam”, explica. Ainda segundo Metraux, essa comunidade precisa de um lar e de serviços públicos para tratar questões de saúde mental e física.
Brasil
No Brasil, a questão da população em situação de rua agudizou na última década, saltando de aproximadamente 22 mil pessoas em 2013 para 227 mil em 2023, uma subida de mais de 1000%. A informação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal.
Comparando os dados do Brasil e dos EUA, a soma de pessoas sem moradia no “guardião da democracia mundial” é 186,34% maior que no território brasileiro — ainda que a população estadunidense (331,9 milhões, em 2021) seja apenas 54,88% maior que a brasileira (214,3 milhões, em 2021).
Na relação população total versus pessoas em situação de rua, cerca de dois a cada mil estadunidenses não têm teto, frente a um a cada mil brasileiros.
Ao confrontar as maiores cidades de cada país, São Paulo e Nova York, o contraste é mais nítido: são 100 mil cidadãos vivendo nas ruas da cidade novaiorquina, 61,29% mais que os 62 mil da capital paulista e o equivalente ao total de sem-teto em todo o estado de São Paulo.
A população da cidade norte-americana (8,47 milhões) é 26% menor que a paulistana (11,45 milhões, sem considerar a região metropolitana), mas tem sido destino de milhares de imigrantes que chegam em ônibus despachados pelo governo do Texas.
Apesar da diferença entre os números, o professor Stephen Metraux explica que a causa do problema é a mesma tanto nos EUA quanto no Brasil: má distribuição dos rendimentos.
“Os EUA são um país muito rico. Acredito que existam recursos para resolvermos esse problema e por algum motivo a gente não resolve. Apesar de toda a riqueza que esse país tem, ela não é igualmente distribuída”, finaliza Metraux.
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Artigo contem informações de “Brasil de Fato“