ARTES VISUAIS

Por Ludimila de Oliveira

A Galeria Itinera Arte inaugura seu espaço no Centro do Rio de Janeiro, no dia 13 de dezembro de 2024, com Caminhos Selvagens, uma exposição coletiva que explora o desenho como uma prática que transcende sua função técnica, conectando-a a sua origem ontológica e uma visão renovada do mundo natural.

Com curadoria de Yago Toscano, a mostra reúne obras de Aline MarinsCláudia CostaFaride SeadeGilda Nogueira e Raquel Benjamim, propondo um novo olhar sobre o gesto do desenho e sua relação com a terra, os ritos e a ideia de partilha comunal.

Galeria Itinera Arte

Exposições de inauguração

“Caminhos Selvagens”

Abertura: 13 de dezembro de 2024, às 16h

Entrada gratuita

Galeria Itinera Arte inaugura seu espaço no dia 13 de dezembro de 2024, às 16h, com a exposição coletiva Caminhos Selvagens, na qual propõe um olhar crítico sobre o desenho, seu papel histórico e suas dimensões simbólicas. Com curadoria de Yago Toscano, Caminhos Selvagens reúne obras em desenhos, pinturas e instalação, das artistas Aline MarinsCláudia CostaFaride SeadeGilda Nogueira e Raquel Benjamim, que investigam a prática do desenho no cruzamento entre arte, memória e reflexões sobre o mundo natural.

A mostra é resultado da conclusão do grupo de “Desenho na Arte Contemporânea”, sob orientação de Valerio Ricci Montani, no qual seus membros são imersos em aulas teóricas e práticas, de modo a construírem um repertório de saber em torno do desenho e das diversas manifestações e técnicas que o constituem.

A exposição parte de uma provocação: o que resta a ser tratado no desenho quando ultrapassamos sua dimensão técnica e prática, já imersa no pensamento cartesiano e na lógica racionalista ocidental? O desenho, desde a sua radicalidade centrada no pensamento, foi o veículo através do qual se estruturaram narrativas dominantes, da arquitetura à topografia nacional. Em Caminhos Selvagens, o desenho é redimensionado, não mais como uma técnica de dominação, mas como uma prática gestual que resgata a relação com a terra, os ritos e as partilhas que retomam as relações do mundo natural e de suas comunidades.

A mostra propõe olhar para o desenho a partir de uma perspectiva reposicionada nos debates em arte contemporânea brasileira e em suas questões, refletindo-o como manifestação de sua relação com o mundo ao redor e seus sujeitos. Um gesto firmado em uma rocha eleita, como o até então mais antigo desenho conhecido, surge como símbolo da continuidade e da partilha, por exemplo, a linha como enlace comunitário da semelhança de seus desiguais.

A partir dessas questões, os trabalhos apresentados dialogam com a ideia de que o desenho, enquanto gesto, é uma ferramenta para a construção de novos significados e uma revisão do imaginário coletivo. “O desenho permite observar indícios de uma ruína civilizatória quando através dele, enquanto gesto de uma abertura incontornável, a selva retomar dos humanos sua primazia de selvagem: um percurso de todos os começos, mas que se distingue pela multiplicidade de seus desfechos, refletindo as diversas perspectivas e propostas de cada uma das artistas aqui presentes”, reflete o curador Yago Toscano.

Caminhos Selvagens segue até 28 de fevereiro de 2025.

Itinera Arte: Ampliação e Novos Caminhos em 2024

É com Caminhos Selvagens que a Itinera Arte inaugura a Galeria Itinera Arte, no centro do Rio de Janeiro, um espaço expositivo criado em colaboração com o Arquipélago Carioca e sob a curadoria de Yago Toscano. A galeria será dedicada à produção de jovens artistas, integrando as exposições realizadas nos cursos oferecidos pela plataforma.

Fundada em 2019, a Itinera começou como uma iniciativa voltada para viagens internacionais, oferecendo experiências focadas na exploração de manifestações artísticas de relevância no cenário global.

Em 2024, ampliou sua atuação, incorporando cursos prático-teóricos, palestras, visitas a ateliês e encontros em galerias de arte contemporânea. Essa expansão consolidou seu papel como um espaço para estudos em arte e educação.

Para 2025, a Itinera planeja lançar um programa de residências artísticas internacionais, com seleção por edital, reafirmando seu compromisso com o incentivo a novas práticas e à troca de experiências no campo da arte.

Os artistas

Aline Marins é artista e curadora natural de Niterói. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formada em Comunicação Social pela PUC-RJ, com especialização em Arte e Filosofia, ela se aprofundou em áreas como desenho, pintura e expografia na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e em programas como o Laboratório de Curadoria da Casa Daros. Aline já atuou como curadora e co-curadora em importantes exposições, como Limiares no Paço Imperial e no Museu Bispo do Rosário. Como artista, participou do evento Portas Abertas na EAV Parque Lage em 2020 e 2024. Seu trabalho é profundamente influenciado pelo deserto e pela botânica, explorando o fluxo do tempo e as transformações constantes da natureza, manifestadas através de traços orgânicos e gestuais. Ela vê seu processo criativo como uma contínua integração de gestos e transformações, onde o inesperado se revela e se reinicia a cada etapa.

Cláudia Costa, artista mineira radicada no Rio de Janeiro, explora linguagens visuais como desenho e pintura em uma abordagem sensorial e experimental. Formada pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage, sua pesquisa artística abrange aspectos técnicos, poéticos e históricos da arte contemporânea. Nos últimos anos, Cláudia tem se dedicado a explorar memórias pessoais e culturais, usando o corpo como mediador da criação. Suas obras recentes abordam experiências intensas e emocionais, como cicatrizes físicas e psicológicas, traduzidas por meio do uso impactante do vermelho. Cláudia participou de diversas residências e grupos de estudo, com destaque para o Dynamic Encounters Projects com Charles Watson e Imersões Poéticas na Escola sem Sitio.

Faride Seade é nascida no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Explora a relação entre arte e natureza. Sua obra, marcada por colagens, pinturas e materiais inovadores, utiliza uma linguagem expressionista com núcleos vibrantes para transmitir emoções e criar atmosferas poéticas. Engajada com questões sócio-ambientais, sua pesquisa reflete sobre desafios ecológicos em suas criações, também influenciadas pela literatura e cultura. Já participou de cursos e exposições no Parque Lage e na Galeria O Lugar, buscando ampliar sua prática artística e a consciência sobre a preservação do mundo natural.

Gilda Nogueira nasceu em Lisboa. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Graduada em Comunicação Social/Publicidade pela PUC-MG, integrou o programa de formação em arte da FAOP, em Ouro Preto, e atualmente frequenta a Escola de Artes Visuais do Parque Lage e a Itinera Arte. Artista em processo, adepta da experimentação e do entrelaçamento entre arte e vida, leitora voraz, viajante, diletante, estudou 8 anos de psicanálise, organizou e atuou em feiras livres. Persegue um modo de vida alternativo, revivendo valores da cultura hippie e cultivando uma trajetória empírica e não-acadêmica. Participou de exposições coletivas na Galeria Nello Nuno, em Ouro Preto; na Fábrica Bhering, Zagut, Arena Pavuna, Parque Lage e Ateliê 31, no Rio de Janeiro; na Funarte São Paulo e Funarte Brasília. Sua prática artística transita por temas como experimentação, processo criativo, ações coletivas, autobiografia, feminismo, afeto, memória, paisagens interiores, pertencimento, envelhecimento e a perspectiva do estrangeiro/outsider.

Raquel Benjamim mora no estado do Rio de Janeiro, em Guapimirim. É artista visual, formada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), onde frequentou os cursos de Carli Portella e Valerio Ricci Montani, entre outros. Atualmente é aluna de Ilustração digital na Escola Britânica de Artes Criativas & Tecnologia (EBAC).

A sua pesquisa se destaca por um olhar atento aos pequenos acontecimentos do dia a dia, uma estética do cotidiano que ressignifica no filtro de uma linguagem poética a realidade ao seu redor. Esse delicado exercício de observação resulta em uma produção vibrante, uma narrativa que conecta o comum ao extraordinário, por meio de uma prática espontânea e expressiva. Em 2019, participa de uma exposição coletiva no programa de ocupação da EAV do Parque Lage.

O curador

Yago Toscano (1995, Tinguá, Rio de Janeiro) é graduado em Artes Visuais e mestrando em Arte e Cultura Contemporânea pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi curador do Centro Cultural Oduvaldo Viana Filho (Rio de Janeiro). Atualmente é co-curador do espaço independente A MESA, compõe a parceria de gestão curatorial com o Centro Cultural Candido Mendes, além de colaborar anualmente com o projeto “Mostra Formação” da UERJ que organiza a produção dos alunos concluintes dos cursos de Artes Visuais, História da Arte e Licenciatura em Artes da UERJ, já realizada no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica e Paço Imperial. Realiza pesquisa com ênfase em teoria da arte, história da arte e curadoria. Atualmente pesquisa a possibilidade de reelaboração de uma teoria da arte a partir da morte da história sob a perspectiva do culto dos mortos e da necromancia enquanto possibilidade de releitura histórica, além de pesquisar paralelamente as relações ontológicas entre imagem, animalidade, escrita e do pensamento em arte. Já realizou curadorias no Centro Cultural Justiça Federal, Centro Cultural Light, Galeria Gustavo Schnoor (UERJ), Paço Imperial, A MESA, Castelinho do Flamengo, Centro Cultural Candido Mendes, entre outros.

Serviço: Inauguração GALERIA ITINERA ARTE

Exposição “Caminhos Selvagens”

Curadoria: Yago Toscano

Artistas: Aline Marins, Cláudia Costa, Faride Seade, Gilda Nogueira e Raquel Benjamim.

Abertura: 13 de dezembro de 2024, às 16h

Até 28 de fevereiro de 2025

Funcionamento via agendamento: itineraarte@gmail.com

Endereço: Av. Franklin Roosevelt, 39, sala 703, Edifício Portugal. Centro.

(Próximo ao Metrô da Cinelândia)

Contato: Instagram @itinera_arte

Entrada gratuita