ARTES VISUAIS
Por CWeA Comunicação
Artista que ficou conhecido por seu trabalho em escultura com madeiras descartadas, em que discute a natureza, a relação do homem com o seu entorno, e aspectos da cultura brasileira, em particular as comunidades tradicionais, Afonso Tostes faz sua primeira individual na Anita Schwartz Galeria de Arte.
Com curadoria de Cecília Fortes, a exposição traz ainda pinturas em que o artista usa como pigmento o pó que recolhe das esculturas que faz, em diferentes madeiras: rouxinho, mogno, peroba do campo, ipê e jatobá. Estarão ainda presentes pinturas em carvão, madeira e sisal.
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta a exposição “Reverter”, com uma grande instalação inédita do artista Afonso Tostes, uma espiral feita com bambus, medindo 2,5 metros de altura, cobrindo uma área no chão de 64 metros quadrados, que ocupará o andar térreo do espaço na Gávea, e por onde o público irá caminhar. Além deste trabalho, serão exibidas também pinturas inéditas – duas no piso térreo e as demais no segundo andar expositivo – feitas com pigmentos coloridos recolhidos pelo artista em seu ateliê, ao serrar e lixar madeiras para suas esculturas.
O artista conta que já há três anos vinha se aproximando da ideia da instalação, primeiro com desenhos e depois maquetes, até que em 2023, durante uma residência na Casa Wabi, em Puerto Escondido, no México, ele fez a primeira experiência em escala humana, ao ar livre, com barro, madeira e areia [imagem ao lado, com vista de cima].
Afonso Tostes explica que “não se trata de um labirinto, mas um percurso em que a pessoa chega a um vértice, e caminha no sentido oposto, saindo do outro lado”. “É uma espiral dentro de outra espiral, em sentido inverso. Mesmo que pareça que a pessoa está andando para trás, ela está indo adiante, sempre em frente”, diz. Ele comenta que “a espiral é uma imagem que aparece há muito tempo na história da arte, e está presente nas culturas tradicionais, como na afro-brasileira, como representação de retorno, de conexão com a ancestralidade, em sentido anti-horário”, diz. Depois de experimentar várias possibilidades, ele escolheu o bambu como material, que tem a ver com o seu trabalho em madeira.
A curadora Cecília Fortes acrescenta que “no andar térreo da galeria, são apresentados também trabalhos em carvão, madeira e sisal, trazendo uma alusão mais direta à temática ambiental e urgente presente na exposição.
PINTURAS – PÓ DA MADEIRA
No processo de fazer suas esculturas em madeira – usualmente encontradas em descartes – ao final do dia Afonso varria e colocava no lixo o pó de madeira que caía das serragens e raspagens. Até que em um momento ele viu a diferença de tonalidades, entre os resíduos de madeira clara e escura, e decidiu não mais jogar fora. Dessa “poeira” guardada em potes, sem ainda saber de que maneira aproveitar, ele decidiu usar como pigmento de pintura, sobre chassis de madeira, que coloca uns sobre os outros, “como se estivessem desequilibrados”, em alusão à sua série “Equilíbrio”, em que tenta “remontar uma árvore” usando galhos.
“No segundo andar da galeria, o artista apresenta uma série de pinturas produzidas com pó de madeira. Rouxinho, mogno, peroba do campo, ipê e jatobá dão os tons de marrom aplicados nas diferentes telas”, destaca a curadora.
SOBRE AFONSO TOSTES
Nascido em 1965, em Belo Horizonte, e radicado no Rio de Janeiro, Afonso Tostes ficou conhecido por seu trabalho em escultura com madeiras descartadas, em que discute a natureza, a relação do homem com o seu entorno,e aspectos da cultura brasileira, em particular a afro-brasileira. Sua obra tem sido celebrada por sua originalidade, profundidade conceitual e sensibilidade estética.
Após estudar na Escola Guignard, em Belo Horizonte, cursou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Começou sua pesquisa sobre formas orgânicas, inicialmente na pintura e desenho, e depois na escultura. Suas primeiras exposições individuais foram em 1995, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte; em 1996, no Centro Cultural São Paulo, e, em 1997, na Galeria Sérgio Porto e na Galeria do Museu da República, no Rio de Janeiro. Em 2000, sua pesquisa sobre “Perna de Três” recebeu bolsa da RioArte, levando-o a se dedicar à escultura. Em 2003 fez individuais no Centro Cultural Maria Antônia, em São Paulo, “Pinturas e uma escultura”, no Paço Imperial, e “Pinturas”, nas Cavalariças da EAV Parque Lage, noRio de Janeiro.Suas esculturas passaram a integrar instalações de grande porte, com madeira tornando-se seu principal material de trabalho.
Sua obra integra coleções institucionais como Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, Museu de Arte Contemporânea, em Niterói, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, em Curitiba, SESC — Acervo de Arte Brasileira, Rio de Janeiro e Fondation Cartier pour l’art contemporain, em Paris.
Dentre suas exposições individuais recentes se destacam “Ajuntamentos”, na Fundação Iberê, em Porto Alegre, “Floresta D’Água”, no SESC Pompeia, em São Paulo, em 2023; “Tronco”, na Casa França Brasil, no Rio de Janeiro, em 2013; “Baque Virado”, no MAM Rio, em 2011; e no MAC Niterói, em 2009.
Participou de exposições coletivas importantes como a Bienal do Mercosul, em 2005, “Nous les Arbres”, na Fundação Cartier,“Singularidade e Convergência”, no Museu Nacional de Arte Chinesa, em Pequim, em 2019, e “Casa Carioca”, no Museu de Arte do Rio, em 2020, entre várias outras.
Serviço: Exposição “Afonso Tostes – Reverter”
Até: 18 de janeiro de 2025
Anita Schwartz Galeria de Arte
Rua José Roberto Macedo Soares, 30, Gávea, 22470-100, Rio de Janeiro
Telefones: 21.2274.3873 | 2540.6446 | 99603-0435 (whatsapp)
Segunda a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados das 12h às 18h
Entrada gratuita