ARTES VISUAIS

Por CWeA Comunicação 

 

O público verá um conjunto de aproximadamente 20 trabalhos da artista carioca, nascida em 1977, que desde 2003 está presente no circuito de arte, no Brasil e no exterior.

Com curadoria de Francesco Perrotta-Bosch, a mostra panorâmica percorre a produção artística de Ana Holck de 2006 até o momento, que inclui quatro trabalhos criados em 2024, em que ela, arquiteta formada pela UFRJ em 2000, subverte cânones da histórica da arquitetura, em trabalhos poéticos.

Pinakotheke Cultural, Rio de Janeiro

[Segundo andar]

Visitação pública: 21 de outubro a 30 de novembro de 2024

Curadoria: Francesco Perrotta-Bosch

Entrada gratuita

A Pinakotheke Cultural inaugurou a exposição “Ana Holck – Ensaios lineares”, com aproximadamente 20 trabalhos da artista carioca Ana Holck (1977), que percorrem sua produção de 2006 até agora, com quatro trabalhos inéditos criados em 2024.  Com curadoria de Francesco Perrotta-Bosch, as obras ocuparão o segundo andar expositivo da Pinakotheke Cultural, permitindo ao público acompanhar o percurso da artista, nas séries “Laçados” (porcelana e aço inox), “Grades” (porcelana), “Pontes Cerâmicas” (porcelana e concreto moldado), “Perimetral” (cerâmica esmaltada), “Passarelas” (alumínio pintado e cabos de aço) e “Pontes Vinílicas” (acrílico e vinil adesivo). Nos jardins da Pinakotheke Cultural estarão duas grandes esculturas, “Torres Armadas I e II” (2012), em concreto e aço, com 2,80 metros de altura.

Francesco Perrotta-Bosch destaca que Ana Holck em vários trabalhos “desestabiliza a harmonia entre as partes tão almejada desde a Era Clássica até a Modernidade na arquitetura”. O curador salienta que “Entrocados: canto VI” (2024), na imagem ao lado, “perturba os fundamentos da arquitetura”. “Quando Ana Holck decide pelo encontro de duas paredes, ela ocupa uma posição por milênios preenchida pelas pilastras, as quais, segundo o vocabulário arquitetônico clássico, são encimadas por capitéis. Tais formas não são adornos, mas advêm de séculos de aprimoramento geométrico dos helênicos para o encontro das proporções áureas de decrescimento do raio do círculo, objetivando uma espiral mais perfeita do que a encontrada em um caracol na natureza. Um tanto empiricamente, ou talvez pelo subconsciente, Holck desmesura esse modelo geométrico”, observa. “O cânone arquitetônico de busca do perfeito equilíbrio da forma é rechaçado na sua combinação de porcelana e aço inox”. 

“Nos ‘Laçados’, a exacerbação dos giros e das elipses não é uma operação barroca, porque não é proliferação para reafirmação, mas gestualidade de obsessiva contestação às regras. A arquitetura incomoda Ana; e, por sua vez, Ana desafia a arquitetura”, assinala o curador.

PONTES CERÂMICAS

“Com uma porcelana delicada, a artista apresenta o equilíbrio estrutural sob uma leve imperfeição: uma forma regularmente constituída por elementos metálicos é refeita sob a égide da mão – como uma inversão da marcha histórica da evolução das cadeias produtivas, Holck apropriou-se um modelo industrializado e o converteu em artesania”, escreve Francesco Perrotta-Bosch. “Tais Pontes cerâmicas aparentam estar suspensas num momento de construção que não finda, permanecendo em um vaivém entre o projetado e o incidental”. Essa correspondência com o canteiro de obras reaparece na série Torres armadas, com trabalhos compostos por elementos de concreto pré-moldado para cercas. Esse material de catálogo de construção civil tem seu propósito funcional absolutamente desconsiderado. Confere-se uma dimensão escultórica a um elemento pragmático e banal. O valor artístico reside em questões formais como o arranjo em tríade e a verticalidade encontrada numa disposição autônoma de fundações no solo.

 

Ana Holck_”Ponte Cerâmica” (2017-18), porcelana e concreto moldado, 40 x 54 x 13 cm.

 

“As referências à arquitetura não são fortuitas. É a profissão pela qual Ana Holck se formou na universidade. Também se tangencia no ofício do pai engenheiro-calculista. E se escancara no léxico — pontes, passarelas, perimetrais, grades, torres — dos títulos dos trabalhos expostos nesta mostra panorâmica”, afirma o curador.

Ele comenta que “o tênue equilíbrio encontrado em meio a uma tensão estrutural regressa nas ‘Passarelas’ (2011) de Ana Holck. É também uma composição de linhas curvas e retas, como as ‘Pontes. As ‘Passarelas’ são, sobretudo, um prenúncio dos ‘Entroncados’, no que tange à recusa à planalidade e à ambição de lançar-se no espaço sem se desprender da parede da qual irrompe”.

Ana Holck_“Passarelas II” (2011), alumínio pintado e cabos de aço, 85 x 200 x 35 cm. “Não raro, o primeiro ato dos arquitetos frente a uma folha em branco é desenhar uma grelha quadricular para estabelecer as proporções da edificação em concepção”. “Emergir do plano vertical é igualmente um pressuposto para a série ‘Grades’. Tais trabalhos se destacam por friccionarem o rigor da modulação própria à minimal art. Perdura a lógica do grid em sua ordem regular, na correlação dos eixos, na repetição das linhas e na equidistância entre as partes, mas toda a severidade métrica é sutilmente amolecida por Ana Holck. Com as ‘Grades’ compostas por retas não retilíneas, a artista fere o ato fundacional de projetos de arquitetura”, enfatiza Francesco Perrotta-Bosch.

 

Ana Holck_“Passarelas II” (2011), alumínio pintado e cabos de aço, 85 x 200 x 35cm.

“Móbile I” (2024), na imagem ao lado, da série “Laçados”, é “constituído por curvas que o compasso não proporciona e centralizado por uma reta avessa à linearidade da régua”.

“Móbile I” (2024), na imagem ao lado, da série “Laçados”

Nas “Pontes Vinílicas” (2006), “ao revisitar uma estrutura tensionada, a artista engendra dois arcos a partir de seções de retas. É uma operação de decomposição geométrica da curva”

Obras de Ana Holck estão em coleções públicas como Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro/Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), Museu de Arte Moderna de São Paulo, Instituto Itaú Cultural, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Ministério das Relações Exteriores, Brasília, Museu de Arte Contemporânea de Niterói e Fundação Edson Queiroz, Fortaleza.

 SOBRE ANA HOLCK

Ana Holck nasceu em 1977, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Inicia sua trajetória nos anos 2000, com instalações de grande formato em instituições como Paço Imperial, Birmingham Museum and Art Gallery, Centro Cultural Banco do Brasil, SESC Pinheiros, Santander Cultural, entre outros.  

Arquiteta de formação, Ana Holck busca um diálogo entre os espaços arquitetônicos e urbanos e a arte, em busca de novas relações e de uma geometria contemporânea. Utilizando materiais diversos – como vinil adesivo, policarbonato alveolar, tijolos, blocos de concreto, que têm suas funções originais subvertidas pela artista – Ana cria, principalmente, esculturas e objetos. Desde 2003, vem realizando mostras individuais onde apresenta instalações de formatos variados.

 Dentre suas principais exposições individuais estão “Entroncados, Enroscados e Estirados” (2023), no Paço Imperial, Rio de Janeiro; “Perimetrais” (2013), no 11 Bis Workspace, Paris; “Bastidor”, no Centro Cultural Banco do Brasil, e “Os Amigos da Gravura”, no Museu da Chácara do Céu, ambas em 2010, no Rio de Janeiro; “Notas sobre Obras” (2006), Mercedes Viegas Arte Contemporânea e Galeria Virgilio; “Canteiro de Obras” (2006), Paço das Artes; “Elevados” (2005), Paço Imperial; e “Quarteirão” (2004), Centro Universitário Mariantonia. Suas coletivas destacadas são: “Repentista #1” (2014), na Gallery Nosco, Londres; “Edital Arte e Patrimônio 2013” (2014), no Paço Imperial;  “Mulheres nas Coleções João Sattamini e MAC Niterói” (2012), no Museu de Arte Contemporânea de Niterói; “Lost in Lace” (2011), no Birmingham Museum and Art Gallery, Inglaterra;  “AGORA Simultâneo Instantâneo” (2011), no Santander Cultural Porto Alegre; “Nova Escultura Brasileira” (2011), na Caixa Cultural Rio de Janeiro; “Lugar Algum” (2010), SESC Pinheiros, São Paulo; “Trilhas do Desejo”, Rumos Itaú Cultural (2009); “Borderless Generation”, Korea Foundation, Seul (2009); e “Nova Arte Nova”, CCBB (2008).

Recebeu o Prêmio Itamaraty de Arte Contemporânea (2011) e o Prêmio Funarte de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça (2009), entre outros. 

SOBRE FRANCESCO PERROTTA-BOSCH 

Francesco Perrotta-Bosch é escritor e curador. É autor do livro “Lina: Uma Biografia” (editora Todavia, 2021). Doutor com dupla titulação: pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e na Università IUAV di Venezia com a tese “O que labirintos podem revelar sobre a arquitetura”. É membro do júri permanente de arquitetura da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e Conselheiro do Instituto Bardi. Em 2013, venceu o Prêmio de Ensaísmo da revista “Serrote”, promovido pelo Instituto Moreira Salles. Curador das exposições “Torções – Ascânio MMM” (MuBE, São Paulo, 2023-24), “Diálogo Bardi Bill” (Casa Zalszupin, São Paulo, 2022), “O Verão de 1945 na Itália: a viagem de Lina Bo nas fotografias de Federico Patellani” (Istituto Italiano di Cultura, São Paulo, 2022), “Irradiações – Fabio Penteado” (Casa da Arquitectura, Matosinhos, Portugal, 2019). Foi curador assistente do pavilhão brasileiro da Bienal de Arquitetura de Veneza, em 2016. Tem vários artigos publicados no Brasil e no exterior.

Serviço: Exposição “Ana Holck – Ensaios lineares”

Pinakotheke Cultural

Visitação pública: 21 de outubro a 30 de novembro de 2024

Pinakotheke Cultural – Rio de Janeiro

Rua São Clemente 300, Botafogo

22260-004 – Rio de Janeiro – RJ

Telefones: 21.2537.7566

E-mail: contato@pinakotheke.com.br

Segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e sábados das 10h às 16h.

Entrada gratuita

Telefones: 21.2537.7566

E-mail: contato@pinakotheke.com.br

Segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 16h.