ARTES VISUAIS

Por Ludmila de Oliveira

“Fazer Litoral”, individual da artista Malu Pessoa Loeb, reúne 65 obras que incluem esculturas, desenhos, pinturas e objetos, utilizando diversos materiais, como tinta, cera e cerâmica, em obras que exploram motivos florais e a fruta pitaya, que simboliza a dualidade entre ser residente e invasora.

Em sua pesquisa, Malu aborda questões sociais contemporâneas, como migrações e extrativismo, utilizando o feminino como conceito central para desafiar a apatia do mundo atual. A montagem da exposição busca criar um espaço de continuidade e conexão entre as obras, revelando um ciclo interconectado que permite ressignificações, promovendo uma reflexão profunda sobre a realidade e a poesia.

Ateliê 31

Exposição “Fazer Litoral – Malu Pessoa Loeb  

Abertura: 11 de outubro de 2024, 16h às 20h

Até 16 de novembro de 2024

Curadoria: Shannon Botelho

Entrada gratuita

 

Ateliê 31 apresenta a exposição “Fazer Litoral”, individual da artista visual paulista, Malu Pessoa Loeb, com abertura no dia 11 de outubro (sexta-feira), das 16h às 20h, com 65 obras, entre esculturas, desenhos, pinturas e objetos.

Shannon Botelho, curador da mostra, desenvolveu o conceito da exposição a partir do título ‘Fazer Litoral’. O ‘fazer’ é entendido como um imperativo, que guia não apenas a criação das obras da artista, mas também sua prática de pesquisa poética no dia a dia. Já o ‘litoral’ simboliza uma constante mudança, uma oposição a qualquer tipo de imposição. Ele se molda às marés e às condições do tempo, sofrendo transformações pelas ações sociais e pelo passar dos anos.

Loeb, que tem sua pesquisa ligada à política e questões sociais contemporâneas como migrações e extrativismo, utiliza o feminino como conceito central para confrontar a apatia e dar voz ao irrepresentável, integrando psicanálise, antropologia e uma visão ampliada da realidade e desafiando limites.

Pensando na galeria do Ateliê 31, Malu propôs a montagem como um espaço de continuidade e conexão entre as obras, onde se revela um ciclo em que tudo está interconectado, mas pode ser ressignificado a qualquer instante. “Mimetizando o movimento orgânico da própria vida, as diferenças entre cada obra impossibilitam uma hegemonia, torna sofisticada e complexa a relação ativada por quem visita e confronta os trabalhos”, diz Shannon no texto curatorial.

A EXPOSIÇÃO COMO “CORPO INSTALATIVO”

No conjunto de 65 obras, a artista utiliza tinta, tecido, cerâmica, espuma de poliuretano, cera de abelha, pirografo e grafite em obras com motivos florais, frutos, cores, dureza e aspereza. A aparente desconexão entre os motivos e materiais utilizados também funciona como um elo que dá sentido ao conjunto. São sete objetos escultóricos, 40 papéis, três desenhos e 15 telas, todas com encáustica, apenas uma sendo a tinta óleo.

Malu define a exposição como “um corpo instalativo”. As pinturas apresentam uma lógica tridimensional, evidenciada tanto pelo volume proporcionado pelas técnicas de encaustica e óleo, quanto pelos gestos que se estendem para as laterais das telas, que possuem quase 3 centímetros de profundidade.

As pinturas junto aos desenhos (que representam as flores secas), formam a série ITERA e se relacionam diretamente, pois exploram a mesma temática: a fruta pitaya em suas várias fases – planta, flor e fruto –, uma representação simbólica do estrangeiro, pela sua capacidade do atravessar as fronteiras e passar a pertencer a um novo lugar. “A instalação aborda uma dimensão política, crítica e plástica, contrapondo-se a uma vertente da estética hegemônica da arte contemporânea, com uma abordagem mais dinâmica, pulsante e marcada pelo ‘excesso instalativo’, onde o que resta e sobra ganha relevância”, define a artista.

As sete esculturas, compostas por espuma de poliuretano, parafina e cera de abelha e barro de oferente, estarão dispostas no meio e nos cantos do espaço expositivo sobre pedestais – banquetas de ferro com madeira, vazadas. Elas possuem uma conexão menos direta com as pinturas e desenhos, porém, em uma delas, a artista plantou uma pitaia, simbolizando a ideia de apropriação de algo exótico vindo de fora.

“Curiosamente as imagens-formas de Malu Loeb não se entregam de imediato. São compostas por um mistério particular, uma espécie de sedução da forma e do apuro técnico mesclados com a descontinuidade programática da poética da artista. Tendo a palavra como ponto de partida para a imagem, o conceito é o próprio trabalho transitando no tempo e no espaço de interação entre obra e sujeito consciente. FAZER LITORAL estabelece um nexo de tempo não verbal, é uma dilatação, um hiato entre o real e a sublimação da dor e da agonia que atravessam a existência”, finaliza o curador.

A ARTISTA

Malu Pessoa Loeb (1970, São Paulo, SP. Onde vive e trabalha), é artista e psicanalista. Faz apropriação direta de objetos e imagens, reproduzidos em pinturas, desenhos, pirógrafos e esculturas, que se condensam em uma só instalação. Dentre suas exposições, estão as individuais: 2022, Galeria Bianca Boeckel, “é melhor todo mundo ir embora”; 2019, Lona Galeria, “Além do Universo Fálico”. Coletivas: 2022, 19º Edição MARP e 19º Salão, Jataí GO; 2019, Meios e Processos FAMA, Itu; 2017, Museu da Diversidade Sexual, (acervo). Residências: Mirante Xique-Xique e Kaaysá. Feira: SP-Arte 2023; Livro Azo, curadoria de P. Quintella.

O ATELIÊ 31

Inaugurado em abril de 2023, o Ateliê 31 se firmou como um ponto de encontro para a cena artística carioca e potencializador do projeto de revitalização do centro do Rio de Janeiro. Neste período, realizou mais de 12 exposições, entre coletivas e individuais, e recebeu seis residentes, tendo suas pesquisas e trabalhos sob o acompanhamento curatorial de Shannon Botelho, curador e crítico de arte, responsável pela gestão artística do espaço.

Com um total de 220 m² e localizado em um ponto estratégico do centro do Rio de Janeiro – Rua México 31 -, próximo aos principais museus, centros culturais, estações de metrô e teatros da cidade, o Ateliê 31 é um espaço de arte independente e com a proposta de proporcionar aos artistas cinco salas exclusivas de ateliês; uma sala para exposições que abrigará mostras coletivas e individuais; uma sala para residentes nacionais e/ou estrangeiros; áreas comuns para encontros, troca de ideias e criações; ambiente colaborativo para workshops, palestras e outros eventos; e suporte para artistas contemporâneos, através do acompanhamento artístico e de carreira.

SERVIÇO

Exposição: Fazer Litoral – Malu Pessoa Loeb

Curadoria: Shannon Botelho

Abertura: 11 de outubro de 2024 |16h às 20h

Visitação até 16 de novembro de 2024

Terça a sexta-feira, das 13h às 18h

Ateliê 31 – Rua México, 31, sala 1003, Cinelândia – Centro. Rio de Janeiro – RJ
Entrada gratuita.