Com debates, exposições, concertos e filmes, vários países vão comemorar o centenário do nascimento do revolucionário que inspirou os movimentos de libertação dos países africanos de língua portuguesa. Em Portugal destacam-se os dez dias de comemorações em Coimbra.
“Amílcar Cabral desempenhou um papel histórico singular de ‘aceleração do passo do tempo histórico’”
“Este ciclo começou a ser construído a partir da possibilidade de termos, em Coimbra, a apresentação do espetáculo de teatro ‘Amílcar Geração’, um monólogo do ator Ângelo Torres, com texto de Guilherme Mendonça. Tínhamos realmente muito interesse em trazer esse espetáculo, que ficou agendado, com um ano de antecedência, para 12 de Setembro de 2024”, referiu à agência Lusa Pedro Rodrigues, o vice-diretor da Escola da Noite, que promove com a Cena Lusófona esta iniciativa, em parceria com mais de uma dezena de entidades. O espetáculo “Amílcar Geração”, de Ângelo Torres, terá duas exibições no Teatro da Cerca de São Bernardo, a 12 e 13 de Setembro, às 19h e 21h30, respetivamente.
Na abertura das comemorações foi apresentado o livro “O Mundo de Amílcar Cabral”, organizado por José Neves, Rui Lopes e Victor Barros, acerca da influência do revolucionário africano em países tão diversos como Cuba, França, Suécia e Argélia.
Foi também inaugurada a exposição “Recordar Amílcar Cabral”, promovida pela Biblioteca Municipal de Coimbra e que estará aberta até 26 de Outubro.
Outras duas exposições podem ser visitadas até 27 de Setembro: “Guiné-Bissau e Cabo Verde no Centro de Documentação e Informação da Cena Lusófona” e “Um comunista português na Guiné-Libertada (Reportagem de um correspondente da Rádio Portugal Livre)”, ambas na Sala Jorge Pais de Sousa da Cena Lusófona.
E, entre 9 e 13 de Setembro, o Centro de Documentação 25 de Abril acolhe a exposição “Amílcar Cabral: fragmentos de uma luta”.
No Foyer do Teatro da Cerca de São Bernardo, entre 7 e 13 de Setembro podem ser vistas “Fotografias de Amílcar Cabral”, uma instalação de Bruna Polimeni, ouvidos “Excertos de emissões da Rádio Libertação”, uma instalação sonora editada por Inês Nascimento Rodrigues, e também a instalação vídeo “Mikko Pyhälä nas regiões libertadas da Guiné-Bissau”, de Mikko Pyhälä.
Este sábado, 7 de Setembro, são várias as iniciativas no programa. Às 18h na Sala Jorge Pais de Sousa da Cena Lusófona, Ângela Coutinho e Catarina Martins conversam com os Inês Nascimento Rodrigues e Miguel Cardina a propósito do seu livro “O dispositivo mnemónico: uma história da memória da luta de libertação em Cabo Verde”. Pelas 19h30, Inês Rodrigues e João Gaspar apresentam o DJ Set “Músicas da Luta” no Pátio do Centro de Artes Visuais. Às 21h30 é projetado o documentário “Guiné-Bissau: da memória ao futuro”, realizado por Diana Andringa, que estará à conversa com Miguel Cardina e Sumaila Jaló no Teatro da Cerca de São Bernardo.
Durante a semana
Na segunda-feira, dia 9 de Setembro, Diana Andringa regressa ao mesmo local às 21h30 para uma conversa com José Manuel Pureza, Luísa Sales, Pezarat Correia e Samuel Gomes a propósito do documentário que realizou com Flora Gomes em 2007, “As duas faces da guerra”, projetado antes do debate.
No dia 10, terça-feira, José Neves e Flávio Almada estarão na Sala Jorge Pais de Sousa da Cena Lusófona a partir das 19h para a oficina “Como manter Amílcar Cabral vivo” e a apresentação de “Cabral Ka Mori – catálogo de uma exposição”. Às 21h30, no Teatro da Cerca de São Bernardo são projetados os filmes “CONAKRY” de Filipa César e “O Regresso de Amílcar Cabral”, de Djalma Fettermann, Flora Gomes, José Bolama, Josefina Crato e Sana na N’Hada, seguidos de conversa com Gizela Soares, Kitty Furtado e Sílvia Roque, facilitada por Madalena Bindzi.
Na quarta-feira dia 11 é lançada a edição revista e comentada por Inês Galvão, José Neves e Rui Lopes de um conjunto de intervenções de Amílcar Cabral proferidas num seminário de formação de quadros do PAIGC em 1969, agora reunidas no livro “Análise de Alguns Tipos de Resistência”. É às 18h, no Bar/Livraria do Teatro da Cerca de São Bernardo, com intervenções de Inês Galvão e Sara Araújo. E às 21h30 há música no Salão Brazil com Nené Pereira, uma das vozes mais características e melodiosas no repertório de tina, gumbe, djambadon e singa, géneros tradicionais e ritmos mais vivos da música moderna da Guiné-Bissau.
No dia 13 de Setembro há a apresentação de mais um livro, “Amílcar Cabral: textos da luta”, lançado no ano passado e organizado pelo jornalista Carlos Lopes Pereira, que também estará presente numa conversa com Rui Mota às 18h na Sala Jorge Pais de Sousa da Cena Lusófona.
Em Braga, o ciclo Paraíso, que reúne artistas de várias áreas traz espetáculos e conversas sobre temáticas ligadas à história do movimento negro em Portugal, à vida e obra de Amílcar Cabral, e à inovação e tradição na música lusófona.
Na sexta, dia 13 de Setembro, às 18h há conversa com o tema “Tribuna Negra: Origens do movimento negro em Portugal (1911 – 1933)”, com Cristina Roldão, José Pereira e Pedro Varela com moderação de Marisa Rodrigues na Livraria Centésima Página. Às 21:30, Djam Neguin apresenta AMI.LCAR, um espetáculo de dança no Theatro Circo.
E no sábado, dia 14, às 16h no gnration há “Conversas do Paraíso: Inovação e tradição na música lusófona”, com Berlok, Mynda Guevara e Soraia Ramos com moderação de Wilds Gomes. No mesmo espaço segue-se a música: às 17h Mynda Guevara apresenta Phoenix e às 18h há o DJ set de Berlok. A música continua à noite, no Theatro Circo a partir das 21h30, quando Soraia Ramos apresentará Cocktail.
Em Lisboa, a Casa da Cultura da Guiné Bissau promove com outras associações iniciativas ao longo do mês. No dia 12 terá lugar na Torre do Tombo o 1º Encontro de Artistas e Escritores Guineenses.
No mesmo local, no dia 27 de Setembro, realiza-se um Colóquio sobre o Legado Cultural de Amílcar Cabral.
Nos dias 25, 28 e 29 de setembro a Casa do Comum acolhe o ciclo de cinema “Caminho de N’tchanha”.
E, também na Torre do Tombo, já é possível visitar de segunda a sexta até 11 de Outubro a Mostra Documental “Luta e Liberdade: 100 anos do nascimento de Amílcar Cabral”, e observar documentos do seu processo individual da PIDE, das suas atividades de luta pela independência dos estados africanos, da sua participação em vários fóruns internacionais e alguns objetos de propaganda do PAIGC, além de alguns telexes censurados e imagens da cobertura noticiosa na imprensa portuguesa na altura da sua morte.
Fora de Portugal
No plano internacional, Cabo Verde é o centro das atividades comemorativas, com o XII Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, que arranca esta quinta-feira dia 5 de Setembro, a fazer uma dupla homenagem a Amílcar Cabral e Luís de Camões pelos respetivos centenários.
Nos dias 9 e 10 de Setembro, um simpósio internacional vai juntar Uni-CV, na Praia, mais de 50 investigadores a apresentarem palestras sobre a vida e obra de Amílcar Cabral.
Um evento que também se realiza nos dias 11 e 12 na Guiné Bissau.
Além das cerimónias oficiais do dia 12 em Cabo Verde, que incluem uma emissão conjunta de selos com os Correios portugueses, no dia 14 há um grande “concerto por Cabral” na Várzea.
E, de 12 e 14, realiza-se o Festival pela Paz Tarrafal, na Ilha de Santiago.
Outras iniciativas terão lugar em vários países, como Angola, Estados Unidos, Luxemburgo, Itália, Espanha e Países Baixos, como indica a Fundação Amílcar Cabral